O mercado de créditos de carbono e finanças verdes está em plena expansão, com transformações importantes tanto no Brasil quanto no exterior. Ricardo Gustav, especialista no tema, explicou em entrevista à BM&C News que “os créditos de carbono representam a redução ou a absorção de emissões de carbono, sendo uma alternativa para empresas compensarem suas emissões”.
A comercialização desses créditos segue duas frentes: mercados regulados e voluntários. Na União Europeia, por exemplo, existe uma regulação rígida que obriga as empresas a reduzirem emissões ou adquirirem créditos para compensação. “Os créditos aceitos na União Europeia são gerados dentro da própria região, o que impede o uso de créditos brasileiros nesse sistema”, esclarece Gustavo.
Mercado Voluntário: Crescimento Impulsionado por Empresas Multinacionais
Além dos sistemas regulados, o mercado voluntário tem ganhado força globalmente. Empresas multinacionais com operações em diversas regiões do mundo estão se comprometendo publicamente a zerar emissões até 2030. “Essas empresas compram créditos por iniciativa própria, sem exigência legal, como parte de suas estratégias de sustentabilidade”, destaca Gustavo.
Essa tendência é cada vez mais relevante para o setor financeiro. Bancos e fundos de investimento avaliam os compromissos ambientais das empresas como parte de suas análises de risco. “Os investidores estão olhando para os próximos 10 a 20 anos, cobrando das empresas um alinhamento com práticas sustentáveis”, reforça Gustavo.
Brasil: Potencial para Liderança no Mercado de Carbono
Embora o Brasil ainda não tenha um mercado regulado de créditos de carbono em escala nacional, iniciativas pontuais, como no setor de biocombustíveis, apontam para uma possível regulamentação futura. “Há projetos tramitando no Congresso para a criação de um sistema brasileiro de emissões, o que pode fortalecer o mercado local e atrair investimentos”, comenta Gustavo.
O especialista também destacou o papel estratégico da Amazônia na emissão de créditos. “Projetos de conservação não apenas protegem a floresta, mas também geram valor para as comunidades locais por meio de educação, saúde e desenvolvimento sustentável.”
Desafios e Oportunidades para o Futuro
Ricardo Gustav prevê um crescimento expressivo no mercado de carbono nos próximos 10 a 20 anos, tanto no Brasil quanto no exterior. “O avanço de uma legislação específica no Brasil será fundamental para o salto desse mercado, atraindo mais empresas e investidores”, projeta o especialista.
O envolvimento de entidades financeiras também deve aumentar com a regulamentação. “Títulos de crédito de carbono precisam ser reconhecidos como valores mobiliários pela CVM para ganharem tração no mercado financeiro nacional”, sugere Gustavo.