Em 2024, o mercado de capitais brasileiro assistiu a um fenômeno interessante: a predominância da renda fixa como principal forma de captação de recursos por empresas. Essa tendência, contrária ao movimento dos IPOs que prevaleciam anteriormente, reflete a confiança dos investidores nos instrumentos tradicionais de dívida.
Entre janeiro e setembro deste ano, o volume captado por meio de renda fixa alcançou R$ 541,9 bilhões, um recorde histórico para o período desde que os registros começaram em 2012, segundo dados da Anbima. Este valor impressionante é em grande parte devido ao aumento nas emissões de debêntures, que sozinhas somaram R$ 315,6 bilhões, configurando um aumento de 33,4% em relação ao ano anterior.
Qual é o papel das debêntures incentivadas?
As debêntures incentivadas desempenham um papel crucial nesse cenário de captação de recursos. Isentas de imposto de renda, estas debêntures oferecem aos investidores um atrativo adicional e aos emissores, uma oportunidade de atrair capital para projetos de infraestrutura. Em setembro, elas foram responsáveis por R$ 7,9 bilhões em novos recursos, com fundos de investimento adquirindo 73,4% do total ofertado.
Setores beneficiados e a importância dos fundos de investimento
Os setores de infraestrutura, como energia elétrica, transporte e logística, foram os principais a se beneficiar desse influxo de capital. As captações foram impulsionadas principalmente por fundos de investimento, que adquiriram 47,8% do volume global de debêntures emitidas. Este tipo de fundo tem sido fundamental na sustentação do mercado, garantindo liquidez e diversidade de fontes de empréstimos.

Quais outros instrumentos de renda fixa estão em alta?
Além das debêntures, outros instrumentos de renda fixa têm chamado atenção, tais como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI). As emissões de CRIs totalizaram R$ 43,6 bilhões até setembro, um recorde para o período, enquanto os CRAs cresceram 17% em relação ao ano passado, somando R$ 28,9 bilhões. Ambos os instrumentos são isentos de imposto de renda, tornando-os atraentes para os investidores.
O papel dos investidores individuais no mercado de renda fixa
Engana-se quem acredita que apenas grandes fundos de investimento estão ativos neste mercado. Investidores pessoa física têm desempenhado um papel significativo, possuindo R$ 49,4 bilhões em títulos de dívida corporativa até setembro. O número de subscritores individuais atingiu 616 mil, mostrando um engajamento crescente nesse tipo de ativo, próximo ao registrado em todo o ano de 2023.
Quais são as perspectivas para a renda fixa no mercado externo?
No mercado externo, a renda fixa também tem se destacado. Emissões em dólar totalizaram US$ 17,6 bilhões entre janeiro e setembro, superando o valor de todo o ano de 2023. Títulos com prazos entre seis e dez anos compuseram a maioria dessas emissões. Tanto empresas quanto o governo brasileiro têm emitido essas dívidas, demonstrando a sua importância como fonte alternativa de financiamento.