Em um cenário de alta volatilidade e incertezas econômicas, o Ibovespa tem demonstrado uma resiliência inesperada, segundo Alex André, economista da MSX Invest. “Apesar das dificuldades fiscais e da abertura da curva de juros, o índice não caiu abaixo dos 120 mil pontos, o que é surpreendente”, afirmou ele em participação no BM&C News de hoje (22).
Alex destacou que o Ibovespa poderia estar em uma situação muito mais crítica, mas a série de cortes de juros realizados por bancos centrais ao redor do mundo, como nos Estados Unidos e Europa, tem atenuado os impactos no mercado brasileiro. “Se o mundo estivesse em um ciclo de alta de juros, o cenário seria muito mais difícil”, acrescentou.
Valuation e fusões: como o mercado reage aos desafios
Além da estabilidade relativa do índice, o economista enfatizou que as empresas brasileiras enfrentam um cenário de precificação desafiador, com valuations abaixo das médias históricas. “Isso tem estimulado movimentações importantes, como o fechamento de capital e fusões, como o caso da compra da Wilson Sons pela MSC”, pontuou.
Alex também explicou que, com o custo da dívida aumentando, diversas companhias têm optado por recomprar debêntures e manter mais caixa, evitando novos investimentos. “As empresas estão buscando reduzir seu endividamento para não arcar com indexadores mais caros, como o CDI ou o IPCA”, comentou.
Dólar e políticas monetárias ditam o ritmo do mercado
O dólar, segundo Alex, continua sendo um balizador de risco relevante para o Brasil. No entanto, ele argumentou que a política monetária global mais suave ajudou a evitar um desempenho ainda pior do mercado local. “Nos Estados Unidos, já vemos sinais de uma rotação de carteiras, mas aqui no Brasil isso deve demorar um pouco, pois ainda estamos em fase de alta de juros”, explicou.