O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou em queda quase todo o pregão desta terça-feira (22), fechando em baixa de 0,31%, aos 129.951,37 pontos. O índice foi pressionado pelas desvalorizações de ações como Magazine Luiza (MGLU3), Azul (AZUL4) e EZTec (EZTC3).
Felipe Castro, planejador financeiro e sócio da Matriz Capital, explicou que a movimentação reflete a falta de otimismo do mercado e o aumento das desconfianças sobre o cenário econômico brasileiro.
As ações da B3 (B3SA3) também contribuíram para o movimento negativo, somando quase 100 pontos para a queda do índice, embora não estivessem entre as maiores baixas da sessão. Segundo Castro, “o mercado hoje opera em um tom mais pessimista, com investidores reagindo a relatórios desfavoráveis e temores relacionados ao impacto da alta de juros sobre o consumo e o endividamento”.
Varejo e mercado imobiliário sentem os efeitos do pessimismo
A queda da MGLU3 é resultado direto da deterioração das expectativas no setor varejista. Um relatório do JP Morgan recomendou desinvestimento em empresas alavancadas, destacando que a alta dos juros aumenta o custo das dívidas e desestimula o consumo.
Já as ações da Azul (AZUL4) recuaram após o Goldman Sachs revisar para baixo o preço-alvo da companhia, indicando preocupações com a sustentabilidade de sua recuperação. No mercado imobiliário, EZTec (EZTC3) e outras incorporadoras, como MRV (MRVE3), Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3), sofreram quedas. A maré negativa reflete o aumento dos juros e as novas condições para financiamentos anunciadas pela Caixa, apesar de EZTec não ser diretamente afetada, dado seu foco em um público diferente.
Hypera e Suzano se destacam entre as altas
Apesar da queda predominante no mercado, algumas ações apresentaram desempenho positivo. Hypera (HYPE3) subiu com a perspectiva de fusão com a EMS, anunciada ontem, o que gerou forte volatilidade no intradia. A ação chegou a oscilar entre uma queda de 15% e uma alta de 4%, à medida que os investidores digeriam as novas possibilidades para a empresa.
Suzano (SUZB3) também se destacou, impulsionada por recomendações de compra do Santander e do JP Morgan, que revisaram projeções cambiais e de preços da celulose, apontando para resultados mais favoráveis no futuro.
O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) seguiu na contramão do mercado, valorizando-se mesmo sem um noticiário específico, em um movimento típico de volatilidade de ativos estressados.
Juros futuros e dólar sobem com saída de investidores estrangeiros
O dólar operou em leve alta, reflexo da saída de investidores estrangeiros da bolsa brasileira, que representou mais um fator de pressão sobre o Ibovespa. De acordo com Castro, “quando o índice recua, é natural observar saída de capital estrangeiro, levando a uma valorização da moeda americana”.
Os juros futuros também apresentaram alta, concentrada principalmente na parte intermediária da curva, refletindo o pessimismo intradia dos investidores em relação às perspectivas econômicas. “Apesar da alta dos juros, a parte mais curta e mais longa da curva se manteve estável, o que indica que as expectativas de longo prazo não se alteraram, mas o humor do mercado no intradia é evidente”, explicou Castro.