Analisando um tema atual e complexo, o governo brasileiro tem debatido possíveis mudanças no saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Este mecanismo, criado durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro, permite que trabalhadores saquem uma parte do saldo do FGTS anualmente em seu mês de aniversário. No entanto, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) propôs sua extinção, citando a importância do fundo para habitação e infraestrutura.
O Ministério da Fazenda, por sua vez, acredita que a extinção total do saque-aniversário pode não ser politicamente viável. Assim, busca-se uma solução intermediária que contemple as preocupações do MTE enquanto fortalece o sistema de crédito consignado, ofertando uma alternativa mais robusta ao trabalhador formal.
Qual o impacto do saque-aniversário nas contas do FGTS?
O saque-aniversário tem sido uma fonte significativa de uso do FGTS. Segundo dados do MTE para 2023, trabalhadores utilizaram R$ 14,7 bilhões por meio desta modalidade, além de R$ 23,4 bilhões destinados a garantias de crédito. Isso representou cerca de 26,8% dos saques totais do fundo no ano. Essa saída de recursos gera preocupações sobre a capacidade do FGTS de continuar financiando projetos estratégicos, como o crédito imobiliário e as obras de infraestrutura.
Propostas para um novo modelo de saque do FGTS

O Ministério da Fazenda sugere restrições ao valor que pode ser sacado anualmente e uma possível redução no prazo para o uso do saldo como garantia de empréstimos. As propostas visam mitigar impactos negativos, mantendo a viabilidade do fundo. Além disso, prevê-se a criação de um sistema mais eficiente e acessível para empréstimos consignados, proporcionando taxas de juros mais baixas e um processo simplificado por meio do e-social.
Com isso, mesmo com a redução dos benefícios diretos do saque-aniversário, espera-se que os trabalhadores tenham mais acesso a crédito com condições vantajosas, trazendo um equilíbrio entre as saídas de recursos e a saúde financeira do FGTS.
Quais são os próximos passos para essa discussão?
Embora já exista um esboço de proposta para restrição do saque-aniversário, a Fazenda ainda precisa concluir negociações com o Ministério do Trabalho. Caso um consenso não seja alcançado, um projeto para extinguir o mecanismo pode ser enviado ao Congresso Nacional, onde debates adicionais ocorrerão. Entretanto, a ideia inicial busca o meio-termo, balanceando os interesses do MTE e os aspectos políticos embarcados no processo.
A questão do saque-aniversário e suas implicações para o FGTS continua a ser um tema central na pauta de discussões econômicas do Brasil. Com o envolvimento de várias entidades governamentais e a expectativa de proposições legislativas, espera-se que uma solução prática e equilibrada possa ser alcançada em benefício dos trabalhadores e do desenvolvimento econômico do país.