A Defesa Civil de São Paulo emitiu um alerta nesta semana sobre a previsão de fortes chuvas e tempestades que devem atingir o estado entre sexta-feira (18) e domingo (20). Com a expectativa de acumulados de até 200 milímetros e rajadas de vento acima de 60 km/h, as empresas de energia elétrica que operam na região foram notificadas para se prepararem para possíveis impactos.
As autoridades convocaram uma reunião emergencial com as concessionárias de energia para esta quinta-feira (17), com o objetivo de discutir medidas preventivas e garantir uma resposta rápida em caso de interrupções no fornecimento ou outros problemas gerados pelas condições climáticas adversas. A preparação é essencial para mitigar transtornos que podem ocorrer durante o fim de semana, especialmente em áreas vulneráveis a quedas de árvores, alagamentos e danos à infraestrutura elétrica.
Apagão revela piora nos serviços da Enel
Mesmo após sucessivos aumentos nas tarifas desde que assumiu o controle da antiga Eletropaulo em 2018, os indicadores de qualidade de serviço da Enel mostram piora significativa, de acordo com um estudo do analista de energia da Equus Capital, Pedro Coletta. O tempo de atendimento mais do dobrou até 2023 e a queda observada neste ano de 20,4%, ainda não reflete a temporada de chuvas, que tradicionalmente eleva tanto o número de emergências quanto o tempo de resposta. “Mesmo após sucessivos aumentos nas tarifas desde que assumiu o controle da antiga Eletropaulo em 2018, os indicadores de qualidade de serviço mostram piora significativa”, afirma Coletta. A tarifa total paga pelos consumidores residenciais tenha crescido abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a parcela destinada à distribuição, que remunera a própria Enel, acumulou um aumento de 75% no período.

O número de ocorrências não apresentou grande variação em relação a 2018, porém o tempo total piorou 83%, sendo que o tempo médio de preparo das equipes para resolver emergências dobrou de 4 para quase 9 horas, enquanto o tempo de execução e deslocamento se mantiveram estáveis, indicando que a equipe da Enel pode ser insuficiente para atender situações críticas. “O caso do apagão em São Paulo expõe a necessidade de maior fiscalização e investimento na infraestrutura da Enel para garantir que os recursos oriundos das tarifas mais altas sejam efetivamente utilizados para melhorar o atendimento e reduzir o impacto de eventos climáticos na rede elétrica”, completa Coletta.

Enel diz que rede elétrica em SP precisa de investimentos
Em coletiva de imprensa nesta manhã , o presidente da Enel, Guilherme Lencastre, disse que há necessidade de investimento para a rede elétrica. “As redes de São Paulo são antigas, foram construídas há décadas atrás, quase 100 anos, e, durante essa construção, o planejamento foi feito de uma maneira, e os investimentos foram feitos de uma forma em que a rede tem as suas características próprias. Todas as redes precisam de investimentos massivos de longa maturação”, disse.

Ele defendeu que haja incentivos para que as concessionárias invistam na resiliência da rede, no contexto das mudanças climáticas e eventos extremos, e que o contrato de concessão precisa ser modernizado. “Estamos fazendo projetos específicos para a resiliência de rede em alguns bairros para mostrar um projeto piloto de como pode ser, quais são os efeitos, como a gente pode ter uma rede mais resiliente, mas isso precisa ser endereçado no nosso contrato de concessão. A realidade é que o setor de distribuição no Brasil inteiro precisa ter um olhar mais construtivo. Essa é uma estrutura essencial para a população e para a sociedade”, observou.
Lencastre afirmou que a empresa tem investido em reforçar a rede e torná-la mais flexível, a fim de ter novos caminhos para levar essa energia ao cliente, caso tenha uma interrupção. “Para que tudo isso seja feito, o nosso contrato precisa ser modernizado. Os contratos de concessões foram pensados e foram viabilizados há décadas, em uma circunstância onde o cenário era totalmente diferente, principalmente com relação aos eventos climáticos”, defendeu. “Essa intensidade [dos eventos climáticos] tem atingido e impactado muito a nossa rede. A modernização dos contratos é importante para que tenhamos flexibilidade. Precisamos ter incentivos para investimento em resiliência. O atual contrato não traz esse incentivo”, acrescentou o presidente da Enel.
(Com informações da Agência Brasil)