A Geração Alpha, composta por crianças nascidas a partir de 2010, está transformando o cenário educacional. Esse grupo, imerso em ambientes tecnológicos desde cedo, apresenta desafios significativos para o sistema escolar. A necessidade de adaptação dos métodos de ensino é evidente, dado o forte vínculo desses jovens com A tecnologia, dispositivos eletrônicos e conteúdos multimídia.
Desafios no Contexto Educacional
Luiza Machado, professora de português, observa que a conexão íntima dos alunos com a tecnologia afeta seu comportamento em sala de aula. “Os estudantes da Geração Alpha são nativos digitais e, portanto, são altamente conectados, multitarefas e, muitas vezes, dispersos”, afirma. Contudo, ser multitarefas não implica necessariamente em eficiência. A exposição a conteúdos de consumo rápido prejudica a habilidade de concentração em tarefas que exigem foco prolongado, como leituras e provas extensas.
Dados de Pesquisas Recentes

Estudos recentes corroboram essa realidade. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) indica que o Brasil está abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico em proficiência de leitura. Em 2022, apenas 2% dos estudantes brasileiros alcançaram o desempenho máximo no PISA. Outra pesquisa, realizada pela Panorama Mobile Time/Opinion Box, revela que 55% dos pais acreditam que seus filhos passam mais tempo do que o ideal no celular, com uma média de uso de três horas e 53 minutos diários entre as crianças brasileiras.
Integração da Tecnologia e Aprendizado
Com a dificuldade na retenção de conteúdos causada pela distração tecnológica, o pesquisador australiano Mark McCrindle propõe a adaptação das práticas pedagógicas aos novos meios tecnológicos. Em seu livro The ABC of XYZ: Understanding the Global Generations, McCrindle sugere métodos como a gamificação para tornar o aprendizado mais envolvente. No Brasil, escolas integradas ao Grupo Salta reportam resultados positivos com o uso de inteligência artificial para enriquecer o cotidiano escolar. A coordenadora pedagógica ressalta que a IA pode auxiliar na preparação de aulas e adaptações para alunos com necessidades educacionais especiais.
Buscando o Equilíbrio Tecnológico
Um desafio emergente neste processo é utilizar a tecnologia sem comprometer o desenvolvimento de habilidades essenciais dos alunos. O psicólogo norte-americano Daniel Goleman recomenda alternar entre atividades de alta interatividade e aquelas que exigem maior atenção.
O professor José Moran destaca que, embora a tecnologia seja uma ferramenta poderosa, a mediação humana permanece crucial. “Sem essa mediação, corremos o risco de substituir a aprendizagem significativa por uma experiência superficial”, explica Moran. Em última análise, o futuro da educação dependerá de equilibrar inovações tecnológicas com o desenvolvimento integral dos estudantes.