O economista e sócio da Acqua Vero, Bruno Musa, durante sua participação semanal no programa BM&C News, fez duras críticas ao apoio de economistas ao governo federal, destacando a incoerência em relação aos princípios do Plano Real.
Durante a conversa, Musa argumentou que figuras centrais do mercado, como Gustavo Franco e Pedro Malan, que ajudaram a consolidar o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal, agora apoiam um governo que prometeu gastar além do que arrecada.
“Essas pessoas, que há 25 anos defendiam responsabilidade fiscal, agora apoiam uma gestão que planeja gastos excessivos”, pontuou o economista. Ele questiona se essa mudança se deve a interesses particulares ou uma reavaliação das convicções econômicas: “Não quero ser leviano, mas ou desaprenderam o que defendiam ou são cúmplices por posicionamento”.
Previsibilidade e incoerência no mercado financeiro
Musa ressaltou também a importância da previsibilidade no mercado e criticou a forma como gestores financeiros se adaptam constantemente às circunstâncias.
Ele mencionou nomes influentes que alternam posicionamentos conforme as condições de mercado, apontando uma falta de compromisso com diretrizes macroeconômicas claras.
Necessidade urgente de reformas estruturais
Além das críticas à classe econômica, Musa destacou a necessidade de reformas estruturais no Brasil. Segundo ele, medidas pontuais, como cortes de super salários e controle de benefícios, são apenas paliativos para um problema muito maior: o desequilíbrio fiscal do Estado.
O sócio da Acqua Vero também alertou para o aumento da dívida pública, que pode chegar a 80% do PIB em 2024 e alcançar 100% até 2034, de acordo com projeções do FMI e do Instituto Fiscal Independente.
“O Brasil precisa de uma grande reforma para produzir superávits primários e conter o crescimento da dívida. Pequenas mudanças não serão suficientes para reverter a trajetória atual”, reforçou o economista.
Projeções preocupantes e risco fiscal
Musa chamou atenção para as pressões econômicas que o Brasil enfrentará nos próximos anos se não houver uma mudança significativa. Ele ressaltou que a média de endividamento dos países emergentes é de 66% do PIB, enquanto o Brasil pode ultrapassar esse patamar em breve, agravando a credibilidade da economia brasileira no cenário global.
A entrevista de Bruno Musa mostrou mais uma vez a urgência de um olhar mais intenso sobre a responsabilidade fiscal e a necessidade de reformas estruturais, destacando o impacto que as decisões econômicas de hoje terão no futuro da economia nacional.