Nesta quarta-feira (16), durante o BM&C News, o analista de economia e política Miguel Daoud participou do programa e destacou os movimentos estratégicos do governo Lula visando a flexibilização econômica e política nos próximos anos.
Segundo ele, a retirada das estatais do orçamento, junto com um possível ajuste na meta de inflação para 4 a 4,5%, são ações que indicam a preparação do governo para as eleições de 2026.
“O governo está preparando o terreno, não apenas para se reeleger, mas para manter uma trajetória econômica que sustente sua popularidade”, afirmou Daoud. Ele ressaltou que duas medidas precisam passar pelo Congresso para validar a retirada das estatais, o que, segundo especialistas, pode ser visto como uma manobra fiscal.
Banco Central fora das decisões: Independência em risco?
Daoud também mencionou a fala do diretor Gabriel Galípolo, sugerindo que o Banco Central deve deixar de participar da definição da meta de inflação. “Isso pode prejudicar a credibilidade do Banco Central, já que o governo estaria livre para alterar as metas sem resistência técnica”, pontuou. Essa decisão teria impacto direto nos juros, com o objetivo de manter taxas baixas nos anos pré-eleitorais.
Ajustes Fiscais e Abertura para Investimentos
A ministra Simone Tebet já havia sinalizado a necessidade de cortes orçamentários, reforçando que “agora não é brincadeira”. Segundo Daoud, o governo busca melhorar o ambiente de negócios e atrair investimentos, mas com foco político, não econômico. “São recursos que não darão retorno financeiro direto, mas visam preparar o terreno eleitoral”, explicou.
Dólar em Alta e Desconfiança no Mercado
Daoud observou que o mercado financeiro já está precificando essas movimentações do governo. O dólar subiu recentemente, refletindo a falta de confiança dos investidores. “Os grandes estrategistas já identificaram essa mudança de rota. Quem acompanha o mercado precisa seguir o fluxo de dinheiro para entender o que está por vir”, afirmou o analista.
Para Daoud, o pragmatismo do presidente Lula está evidente. “Nada é por acaso. O governo está utilizando todos os instrumentos possíveis para se manter no poder em 2026.” O analista alerta que essas mudanças podem comprometer a estabilidade econômica a longo prazo, uma vez que as decisões políticas estão guiando a gestão econômica.