Em entrevista ao programa “Você com Dinheiro“, Douglas Strabelli, CEO da Sagewood Corporation, compartilhou sua experiência de mais de 20 anos no mercado imobiliário norte-americano. Com escritórios em Nova York e Flórida, Strabelli explicou as principais diferenças entre os mercados de construção no Brasil, Espanha e Estados Unidos, ressaltando oportunidades para investidores e a adoção de novas tecnologias.
“Nos Estados Unidos, o ciclo de vida das construções é mais rápido. Muitas vezes, edifícios são projetados para serem demolidos e reconstruídos em períodos mais curtos”, afirmou Strabelli. Ele também mencionou a adoção crescente de técnicas como o steel frame no Brasil, um reflexo da influência norte-americana na construção civil.
Diferenças de regulamentação e códigos de construção nos EUA
Strabelli destacou que as regulamentações nos Estados Unidos variam de cidade para cidade, influenciadas por questões climáticas e de segurança. “Em estados como a Flórida, que enfrentam furacões regularmente, as regras de construção são mais rígidas, o que afeta diretamente os custos e a viabilidade dos projetos imobiliários”, disse o CEO.
Além disso, as construções nos EUA são desenhadas com uma durabilidade diferente das do Brasil. “Enquanto no Brasil o padrão é projetar construções para durar décadas, nos EUA a durabilidade é menor, com ciclos de reformas e requalificações mais curtos”, explicou Strabelli.
O papel dos REITs nos Estados Unidos e as vantagens para investidores
Outro ponto abordado por Strabelli foi a maior maturidade dos fundos de investimento imobiliário (REITs) nos EUA, em comparação com o Brasil. “O mercado de REITs nos Estados Unidos é muito mais consolidado. Isso traz uma liquidez maior e facilita o acesso a dados confiáveis para os investidores”, comentou.
Ele também destacou a importância do cap rate como métrica essencial para avaliar a compra de ativos imobiliários. “Nos Estados Unidos, a experiência regional conta muito. Temos cap rates específicos para cada região, como Nova York e Flórida, o que facilita a tomada de decisões estratégicas.”
Oportunidades no mercado imobiliário da Flórida
Strabelli ressaltou o crescimento do mercado imobiliário na Flórida, impulsionado por migrações de grandes empresas de tecnologia e bancos. “A Flórida está se tornando um centro estratégico. Cada vaga de executivo que surge gera mais sete empregos, ampliando a demanda por moradia e infraestrutura”, explicou.
Ele também enfatizou que, para investir de maneira eficaz, é preciso entender as particularidades de cada região. “Crescimento populacional, cultura e até gastronomia influenciam na escolha de locais para novos projetos”, pontuou.
Dívida e alavancagem: estratégias de financiamento nos EUA
Quando questionado sobre estratégias de financiamento, Strabelli mencionou o uso frequente de alavancagem nos projetos imobiliários dos EUA. “Com as taxas de juros mais baixas nos Estados Unidos, podemos alavancar até 65% dos projetos, algo que seria mais arriscado em outros mercados”, explicou.
Ele ainda comentou sobre a criação de um fundo entre Sagewood Corporation e Urca, uma gestora brasileira. “Queremos democratizar o acesso a investimentos para o investidor qualificado. Nosso fundo permitirá que brasileiros invistam em projetos imobiliários nos EUA de forma mais acessível”, destacou.
Perspectivas para o futuro dos mercados imobiliários
Encerrando a entrevista, Douglas Strabelli reforçou as oportunidades existentes tanto nos EUA quanto no Brasil. “O mercado imobiliário nos Estados Unidos tem o tamanho da bolsa americana. No Brasil, ainda há muito potencial inexplorado, especialmente em regiões fora dos grandes centros”, disse.
Ele também mencionou a modernização crescente no Brasil e como isso abre portas para novos projetos de alto padrão. “O Brasil está se modernizando, e vejo grandes empresários do agronegócio migrando para São Paulo, o que eleva ainda mais a demanda por imóveis de alta qualidade.”