Nos últimos meses, os meteorologistas têm observado uma tendência de resfriamento das águas do Oceano Pacífico. Este fenômeno, conhecido como La Niña, pode ter impacto significativo sobre o clima em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. Segundo a Climatempo, o início de La Niña é esperado para este mês de outubro ou até novembro.
Entendendo o Fenômeno La Niña
La Niña se caracteriza por uma diminuição das temperaturas das águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial central. De acordo com Ana Clara Marques, meteorologista da Climatempo, as anomalias de temperatura nessa região estão atualmente em -0,3°C abaixo da média. Para que seja oficialmente considerado La Niña, essa temperatura precisa se manter abaixo de -0,5°C. Existem também critérios adicionais para a definição oficial pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), como a manutenção dessas condições por pelo menos cinco trimestres consecutivos.

Impactos Climáticos do La Ninã no Brasil
Ainda que La Niña não seja oficialmente reconhecida pela NOAA neste período, alguns efeitos do fenômeno já são esperados no Brasil. Segundo Marques, mesmo sem uma classificação oficial, podemos sentir a influência de La Niña nas temperaturas e nas chuvas de forma pontual. A expectativa é que poucos meses do verão apresentem condições típicas de La Niña, mas com efeitos localizados. Este fenômeno deve ter intensidade fraca e curta duração, dissipando-se entre fevereiro e março de 2025.
Consequências para a Agricultura
Os efeitos da La Niña na agricultura brasileira devem ser mais perceptíveis nas regiões extremas do norte e sul do país. A meteorologista Nadiara Pereira destaca que o verão será relativamente ameno, com menos picos de calor em comparação ao ano anterior. Espera-se maior ocorrência de corredores de umidade e da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), especialmente entre dezembro e janeiro.
Essas condições podem impactar as lavouras, especialmente de soja, que estarão em fases críticas de desenvolvimento. Além disso, os produtores estão preocupados com as condições de colheita devido ao aumento da umidade no interior do Sudeste e Centro-Oeste.
Previsões para o Sul do Brasil e América do Sul
No sul do Brasil e em partes da América do Sul, como Argentina e Paraguai, há um risco aumentado de veranicos — períodos secos e quentes. No entanto, nas áreas mais afetadas pelo ZCAS, como o Centro-Norte do Brasil, há maior propensão para eventos de invernada, períodos prolongados de chuva. A meteorologista Pereira conclui que, apesar de algumas janelas de veranico, não há indicativo de seca severa, apenas variações climáticas esperadas para o verão.
Com a previsão destas condições climáticas, agricultores e gestores precisam se preparar para minimizar potenciais impactos nas culturas e operações agrícolas. Compreender o papel de fenômenos climáticos como La Niña pode ser crucial para a adaptação dos planos agrícolas a curto e médio prazo.
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