O Brasil vive um momento econômico de grandes contrastes. Embora a produção industrial surpreenda positivamente e a taxa de desemprego continue em queda, o equilíbrio fiscal ainda está distante.
Segundo Marco Saravalle, economista e CIO da MSX Invest, esse cenário apresenta desafios significativos para os investidores, que precisam equilibrar a busca por oportunidades com os riscos inerentes a um ambiente econômico instável.
Durante uma entrevista ao programa Mercado & Beyond, Saravalle destacou que, em momentos de crise, aqueles com apetite para o risco podem encontrar oportunidades de multiplicar seus investimentos. “Quando uma ação cai 10%, 20% ou até 30%, é nesse momento que quem consegue identificar a oportunidade pode fazer grandes fortunas”, afirmou.
No entanto, ele advertiu que o crescimento sustentável do Brasil é uma questão incerta. Saravalle observou que, enquanto setores como serviços e indústria têm mostrado recuperação, o país enfrenta limitações estruturais, como a dependência do regime de chuvas para a geração de energia e a falta de qualificação da mão de obra, fatores que podem comprometer o crescimento de longo prazo.
Outro ponto de destaque é o elevado custo de capital no Brasil. “A principal variável para o investimento é o custo de capital, que no Brasil ainda é muito alto devido às incertezas fiscais e jurídicas”, explicou Saravalle. Ele ressaltou que, sem um ambiente mais estável, o país não conseguirá atrair o volume necessário de investimentos para estimular um crescimento consistente.
Além disso, Saravalle pontuou que a insegurança jurídica no Brasil continua a ser uma grande preocupação para os investidores, especialmente com as recentes decisões judiciais que afetam diretamente o ambiente de negócios, como a suspensão de plataformas digitais. Para ele, isso pode afugentar ainda mais o capital estrangeiro, que já enfrenta desafios como a alta taxa de juros e a instabilidade cambial.
Apesar dos desafios, Saravalle demonstrou otimismo quanto ao potencial de crescimento do Brasil no longo prazo, especialmente com a implementação de reformas estruturais e a melhoria dos marcos regulatórios. “Com a evolução de setores-chave, como o financeiro e o de infraestrutura, o país tem condições de se reinventar e voltar a crescer, desde que crie as condições adequadas para isso”, concluiu.