A escalada da inflação no final de 2024 pode levar a uma alta significativa na taxa de juros, com o mercado já precificando um patamar superior a 13%.
Segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a pressão inflacionária provocada pelo aumento nos preços de energia e alimentos pode resultar em um Índice de Preços ao Consumidor (IPC) acima do teto da meta de 4,5%. “Estamos com um risco muito grande de fechar o ano acima do teto da meta, o que obrigará o Banco Central a justificar o descumprimento ao Congresso”, afirmou Vale.
Além do impacto imediato, as expectativas para 2025 e 2026 também são afetadas, agravando a necessidade de elevação nos juros. Vale destaca que essa contaminação inflacionária ocorre em um contexto de transição da política monetária, com a entrada de um novo presidente no Banco Central, gerando incertezas sobre a condução da economia.
“O mercado está pedindo uma alta dos juros para conter essas expectativas inflacionárias”, explicou Vale. Para ele, o desafio aumenta à medida que 2026, um ano eleitoral, trará pressões adicionais do executivo para impulsionar o crescimento, complicando ainda mais a gestão fiscal e monetária.
A perspectiva de uma política fiscal desordenada e a falta de confiança na desaceleração da inflação forçam o Banco Central a manter juros neutros em patamares elevados. Vale finaliza ressaltando que o cenário internacional adverso também contribui para o aumento das dificuldades no controle da inflação e na definição das taxas de juros nos próximos anos.