Por Carlos Castro
Vivemos uma era em que o dinheiro físico está desaparecendo progressivamente das transações diárias, sendo substituído por meios digitais como transferências bancárias, cartões de crédito e o PIX. No entanto, com a introdução do DREX, a plataforma do Real Digital, estamos diante de um salto ainda maior: a desmonetização onde o dinheiro se torna essencialmente invisível e programável.
O DREX, baseado em blockchain, é a plataforma que transforma o Real físico, indo muito além da mera digitalização que já conhecemos. No entanto, isto não altera o caráter fiduciário da moeda. A moeda é fiduciária por não ter valor intrínseco por si só. Seu valor provém da confiança que a sociedade deposita no governo ou na autoridade que a emite, neste caso, o Banco Central. Diferentemente das moedas lastreadas em bens físicos como o padrão-ouro, a moeda fiduciária depende da confiança na economia do país e no governo que a sustenta.
O Real Digital é uma moeda nativa do ambiente digital da plataforma DREX. Ao contrário das transações feitas com o PIX ou com cartões de crédito, que ainda dependem de lastreamento no papel-moeda, o Real Digital não tem uma versão física correspondente. E a principal inovação da plataforma DREX é operar dentro da estrutura do blockchain, sem a necessidade de intermediários como bancos ou instituições financeiras, e com segurança aprimorada devido à natureza descentralizada do blockchain.
Uma das maiores diferenças entre o Real Digital e os métodos de pagamento digitais já existentes é que, enquanto estes últimos são apenas representações do dinheiro físico, o Real Digital é dinheiro nativo do ambiente virtual. Ele se movimenta dentro do blockchain o que torna as transações instantâneas, seguras e, mais importante, programáveis.
A programabilidade é um dos aspectos mais transformadores do Real Digital. Com o uso de contratos inteligentes, será possível automatizar uma vasta gama de transações, eliminando intermediários e simplificando processos. Imagine um contrato de compra e venda de imóveis onde os pagamentos são automaticamente liberados quando as condições do contrato forem atendidas, sem a necessidade de cartórios ou bancos processarem a transação.
Outro exemplo é no setor de seguros. Com o Real Digital, as indenizações podem ser liberadas automaticamente assim que os termos acordados em um contrato digital forem cumpridos, sem as complexidades e atrasos dos processos burocráticos tradicionais. Da mesma forma, no setor de câmbio, transações entre diferentes moedas digitais podem ser realizadas diretamente, reduzindo o custo e o tempo necessário para conversões que hoje envolvem intermediários financeiros.
Com o Real Digital, um dos maiores potenciais reside no mercado de investimentos. Por exemplo, dividendos de ações podem ser programados para serem pagos automaticamente aos acionistas assim que a empresa registrar lucros, eliminando a necessidade de intermediários e prazos de liquidação.
No campo do crédito, poderá estar integrado com o controle de score de crédito e o cadastro positivo. O Real Digital poderá ser programado para fazer avaliações automáticas da situação financeira dos indivíduos ou empresas, liberando o crédito de maneira mais eficiente. A análise do histórico financeiro do cliente e sua capacidade de pagamento poderiam ser automatizadas, tornando o processo mais ágil e com menos riscos de inadimplência. O Real Digital, com sua rastreabilidade, permitirá que as instituições financeiras façam avaliações de crédito baseadas em informações atualizadas em tempo real, o que aumentará a eficiência e a justiça no acesso ao crédito.
Além disso, a automação do Imposto de Renda pode ser outra aplicação prática. O Real Digital poderia ser programado para fazer deduções automáticas de impostos em transações específicas, o que reduziria a necessidade de declarações anuais. Imagine fazer uma venda ou prestar um serviço e o imposto ser recolhido automaticamente no ato da transação sem a necessidade de cálculos e preenchimento de formulários posteriores. Isso traria mais eficiência ao sistema tributário, garantindo uma arrecadação mais precisa e menos burocrática.
Com a infraestrutura de blockchain, a segurança das transações é garantida tornando quase impossível fraudes ou intervenções externas. Cada transação é registrada de maneira imutável, permitindo total rastreabilidade e proteção contra erros. Além disso, a escalabilidade da rede blockchain permite lidar com um grande volume de transações simultâneas, assegurando a eficiência e rapidez nas operações.
A desmonetização, em todo este contexto, refere-se ao desaparecimento do dinheiro físico e a transformação do dinheiro em uma ferramenta invisível, que opera de forma automática e programável no segundo plano. Ao eliminar a necessidade de intermediários e consequentes burocracias, o Real Digital promete revolucionar a forma como lidamos com o dinheiro, criando uma nova realidade em que as transações ocorrem de maneira fluida e quase imperceptível.
O DREX e o Real Digital representam uma nova era das transações financeiras, marcada pela desmonetização e pela invisibilidade do dinheiro. Com a infraestrutura de blockchain, a segurança, a escalabilidade e a programabilidade, o Real Digital promete transformar a forma como lidamos com o dinheiro.
Carlos Castro é planejador financeiro pessoal, CEO e sócio fundador da plataforma de saúde financeira SuperRico
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