A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve, divulgada nesta quarta-feira (09), revelou uma avaliação positiva do progresso em direção à meta de inflação de 2%, mas também trouxe à tona divergências entre os dirigentes sobre a magnitude dos cortes de juros.
Na ocasião, o Fed decidiu por uma redução de 0,50 ponto percentual, ajustando a faixa dos juros para um intervalo entre 4,75% e 5,00%.
Os membros do comitê concordaram que a atividade econômica dos Estados Unidos continua a crescer em um ritmo sólido, o que reflete a resiliência do mercado frente aos desafios inflacionários e à política de aperto monetário implementada nos últimos meses.
No entanto, a inflação, embora tenha mostrado sinais de desaceleração, ainda permanece acima do patamar ideal de 2%. De acordo com a ata, “os dirigentes ganharam confiança de que a inflação está se movendo de maneira sustentada na direção da meta”, sugerindo que as políticas aplicadas estão começando a surtir o efeito esperado.
Apesar desse otimismo, o documento também indicou que alguns membros do Fed teriam preferido um corte menor, de 25 pontos-base, como forma de manter uma postura mais cautelosa.
Esses dirigentes argumentaram que a inflação precisa ser controlada de forma mais firme antes de realizar cortes mais agressivos, especialmente para evitar um possível retrocesso nos avanços já alcançados. Curiosamente, esses membros mostraram menos preocupação com o cenário do emprego, sugerindo que o foco principal deve continuar na estabilização dos preços.
Economia sólida e cautela com a inflação
O crescimento da atividade econômica foi um ponto central da discussão. De acordo com a ata, os indicadores recentes mostram que a economia dos EUA está se expandindo de forma sólida, o que sugere que o mercado conseguiu resistir bem ao impacto dos juros elevados nos últimos meses. No entanto, essa expansão econômica não elimina os desafios. A inflação, embora em declínio, ainda está acima da meta e alguns setores continuam pressionados por aumentos de preços.
Essa tensão entre o crescimento econômico e a necessidade de manter a inflação sob controle é o que leva à cautela entre alguns membros do comitê. Embora a confiança no progresso seja clara, há o reconhecimento de que um passo em falso na política de cortes de juros pode desestabilizar a trajetória de desaceleração dos preços.
O economista Maykon Douglas aponta que o Federal Reserve já sinalizou que a recente dinâmica no mercado de trabalho não é mais um obstáculo no combate à inflação, com o foco voltado para evitar um “hard landing” (aterrissagem forçada) da economia. Segundo Douglas, apesar da surpresa positiva no último relatório de emprego (payroll), o cenário não sugere uma pausa nos cortes de juros na próxima reunião, já que os dados atuais não indicam essa necessidade.
Ainda assim, ele ressalta que a resiliência da atividade econômica agregada deve levar o Fed a continuar com cortes graduais de 25 pontos base (bps) nas reuniões restantes deste ano. Isso reflete o esforço da autoridade monetária em balancear o crescimento econômico e o controle inflacionário, mantendo o mercado estável sem provocar uma desaceleração brusca.
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