A recente decisão do governo chinês de anunciar um pacote de estímulos de 200 bilhões de Yuan, valor bem abaixo do esperado, gerou dúvidas entre economistas e investidores sobre a eficácia das medidas para impulsionar a economia no curto prazo.
Em uma participação do programa BM&C News de hoje (08), a economista Ariane Benedito abordou a cautela por parte do governo chinês e as possíveis implicações para o crescimento do país.
Benedito destacou que, ao contrário de expectativas anteriores de pacotes mais robustos, o governo adotou uma postura conservadora, o que pode estar ligado a dois fatores: evitar uma euforia excessiva no mercado, como aconteceu com o minério de ferro, ou reconhecer que a meta de 5% de crescimento pode ser inatingível neste ano. “O mercado esperava muito mais dos estímulos, mas o governo chinês optou por uma abordagem gradual, monitorando os dados econômicos antes de tomar medidas mais agressivas”, disse Ariane.
Entre os especialistas, há um intenso debate sobre a estratégia mais eficaz para a economia chinesa. Enquanto alguns defendem políticas expansionistas mais contundentes, outros acreditam que o país precisa focar em reformas estruturais de longo prazo. Benedito ressaltou que essa discussão ganhou relevância, especialmente após a crise financeira global de 2009, quando trilhões foram injetados na economia chinesa. No entanto, o contexto atual é diferente, com um consumo interno mais baixo e mudanças nas demandas globais.
“A China vem adotando estímulos desde 2009, mas a economia tem limites, especialmente no setor imobiliário, que foi responsável por grande parte do crescimento chinês. Agora, o país precisa ajustar sua oferta às novas demandas, o que requer reformas profundas para garantir a sustentabilidade econômica”, explicou Benedito.
Com a economia mundial em transformação, a China parece estar em um ponto crucial de sua trajetória. O governo tem demonstrado prudência ao lidar com estímulos, tentando evitar descontrole inflacionário ou pressões fiscais. No entanto, o mercado ainda vê a necessidade de medidas mais robustas para sustentar o crescimento.
“A estratégia gradual pode não ser ruim, mas o mercado entende que é necessária uma abordagem mais vigorosa para que a China continue competitiva em um cenário global. Agora, resta saber se o governo estará disposto a correr esse risco”, concluiu a economista.