Nesta semana, o mercado financeiro global registrou um cenário positivo, apesar de tensões geopolíticas no Oriente Médio. De acordo com o trader Marco Prado, a guerra em andamento não trouxe efeitos significativos nos mercados, que se concentraram em fatores econômicos de longo prazo. “O acirramento no Oriente Médio, embora preocupante, não surtiu um efeito negativo no mercado financeiro, que preferiu assimilar a melhora de alguns fatores relevantes, projetando um futuro próximo mais otimista”, analisa Prado.
O preço do petróleo Brent subiu em resposta ao conflito chegando próximo dos US$ 79 por barril. “É claro que, com esse conflito, o preço do Brent subiu, mas ainda opera abaixo de US$ 80 por barril”, destacou Prado.
EUA: Perspectiva de Pouso Suave
Nos Estados Unidos, o foco do mercado esteve nos dados de emprego, com o Payroll acima das expectativas, mas causando apenas um impacto momentâneo. “Embora o Payroll tenha superado as projeções, o impacto foi momentâneo, e a pressão inflacionária ainda persiste”, explicou Prado. No entanto, a política monetária do Federal Reserve segue um caminho de cautela e previsibilidade. Jerome Powell, presidente do FED, sinalizou um possível novo corte na taxa de juros de 0,25%, o que gerou confiança no mercado. “Isso mostra coerência, e o mercado percebe firmeza, em vez de desespero, no aperto monetário dos EUA”, afirmou o trader.
Brasil: Olhos no Grau de Investimento
No cenário doméstico, a bolsa brasileira sofreu correção no dia seguinte à elevação do rating do Brasil de “Ba2” para “Ba1” pela gência de classificação de risco Moody’s. A notícia trouxe otimismo momentâneo, mas não se sustentou. “A bolsa devolveu a alta no dia seguinte após a Moody’s elevar o rating do Brasil”, observou Prado, destacando que, embora o crescimento econômico esteja tímido, ele vem acontecendo de forma ascendente.
Contudo, o fator fiscal ainda preocupa o mercado. “A melhora do nosso quadro fiscal, por ora, parece ser uma ilusão; a essência das questões vai muito além das aparências”, comentou Prado, destacando que o Brasil ainda enfrenta grandes desafios, como o elevado número de beneficiários do Bolsa Família em comparação aos empregos com carteira assinada. Mesmo com esses obstáculos, Prado prevê um rali no final do ano, impulsionado por papéis com preços descontados. “A Black Friday de 2024 pode ficar para dezembro”, ironiza.
O mercado continua atento à relação dívida/PIB e à capacidade do governo de controlar gastos futuros, enquanto a estratégia “caiu/comprou” para o dólar e “subiu/vendeu” para a bolsa prevalece. A perspectiva é que o Brasil continue seu caminho em direção ao tão esperado grau de investimento, mas com cautela em relação à trajetória fiscal.