O cenário econômico brasileiro nunca deixa de nos surpreender. Com a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) agendada para a próxima semana, a expectativa é que vejamos um novo ciclo de alta da Selic. Essa mudança no cenário econômico pode ter impactos significativos em vários setores, especialmente nos fundos de investimento imobiliário (FIIs), conhecidamente sensíveis a variações na taxa de juros. Hoje, exploraremos como esse movimento pode influenciar dois FIIs de papel: o Valora CRI CDI (VGIR11) e o Kinea Securities (KNSC11).
Os FIIs de papel são instrumentos de investimento que aplicam em ativos de renda fixa, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), e são uma porta de entrada interessante para investidores que desejam aproveitar um cenário de alta de juros. A perspectiva de aumento da Selic beneficia especificamente fundos alocados em CRIs atrelados ao CDI, como é o caso dos fundos mencionados.

Como a alta da Selic pode impactar os FIIs?
A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é um dos principais influenciadores na decisão de investimentos em renda fixa e variável. Com o aumento esperado, fundos que possuem ativos atrelados ao CDI podem experimentar um aumento em sua rentabilidade. Essa expectativa torna os FIIs uma opção mais atrativa em tempos de juros crescentes, dado seu potencial de oferecer retornos acima da inflação.
Valora CRI CDI (VGIR11): Detalhes e Estratégias
O Valora CRI CDI (VGIR11) é um exemplo fascinante de como um fundo pode se beneficiar da alta dos juros. Com um patrimônio líquido superior a R$ 1,12 bilhão, o fundo tem 98,7% de sua carteira atrelada ao CDI, proporcionando uma exposição considerável ao indexador. Além disso, o foco em operações exclusivas, geralmente estruturadas pela própria gestora, garante um maior controle sobre os investimentos e uma relação risco-retorno mais atraente.
O portfólio do VGIR11 inclui principalmente operações no segmento residencial, com fortes garantias como alienação fiduciária de terrenos e imóveis. A recente emissão de cotas para captar R$ 303,85 milhões indica um movimento de diversificação e ampliação da carteira, reforçando sua estratégia de se equilibrar entre risco e retorno.
Kinea Securities (KNSC11): Diversificação e Segurança
O Kinea Securities (KNSC11), outro forte candidato a surfar a onda de alta da Selic, possui um patrimônio de R$ 1,2 bilhão distribuído em 65 operações de CRIs. Com maior exposição ao IPCA, mas também considerável alocação ao CDI, o fundo consegue equilibrar a proteção inflacionária com a rentabilidade proveniente dos juros.
As garantias robustas associadas aos CRIs, como alienação fiduciária de terrenos e cessão de recebíveis, oferecem uma camada adicional de segurança aos cotistas. A gestão flexível do fundo, que permite ajustes conforme as oportunidades de mercado, é um diferencial importante em momentos de transição como o atual.
Quais são os riscos envolvidos nos FIIs de papel?
Investir em FIIs de papel, como qualquer investimento, não está isento de riscos. Os principais riscos associados a esses fundos incluem:
- Risco de mercado: Flutuações no valor das cotas devido a fatores econômicos não controláveis.
- Risco de crédito: A possibilidade de inadimplência dos devedores dos CRIs pode impactar diretamente a rentabilidade.
- Risco de pré-pagamento: Em ambientes de juros baixos, a quitação antecipada dos CRIs pode prejudicar o rendimento esperado.
- Risco de reinvestimento: Reinvestir em ativos com rentabilidade inferior é um desafio em cenários de descida de juros.
Expectativas de Rendimento para 2024
Com a Selic projetada para chegar a 12% a.a. em 2025, as estimativas são promissoras. Para o VGIR11, espera-se uma distribuição de aproximadamente R$ 1,42/cota, resultando em um yield de 14,2%. Já para o KNSC11, a projeção de rendimento é de R$ 1,14/cota, equivalente a um yield de 12,3%. Esses valores demonstram o potencial atrativo dos FIIs de papel como veículo de investimento em períodos de alta de juros.