O cenário que prometia ser tranquilo para as bolsas, especialmente a brasileira, sofreu uma reviravolta devido ao aumento das tensões no Oriente Médio, que resultaram em uma disparada no preço do petróleo. Segundo Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, o movimento levou as ações da Petrobras a uma alta de mais de 3%, fazendo com que o Ibovespa recuperasse sua máxima recente, com valorização de quase 1%.
Alves destaca que as commodities continuam a influenciar fortemente o desempenho da bolsa brasileira. O último trimestre teve destaque negativo por conta da queda nos preços do minério de ferro e do petróleo Brent, commodities importantes para mineradoras e para a Petrobras, respectivamente.
Porém, a tendência mudou na última semana de setembro, impulsionada pelo pacote de estímulos na China e cortes de juros nos EUA, sinalizando uma possível alta devido ao aquecimento da demanda global.
No cenário doméstico, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou a necessidade de um “choque fiscal positivo” para permitir a convivência com juros mais baixos a médio prazo.
Alves concorda com a postura do Comitê de Política Monetária (Copom) em não reduzir os juros artificialmente, pois isso poderia gerar inflação, prejudicando principalmente a classe baixa e média da população. “Arrumar o fiscal é e será cada vez mais importante do ponto de vista conjuntural e estrutural”, ressalta Alves, apontando que a utilização excessiva do “cheque especial” das contas públicas está se tornando cada vez mais cara para a população e investidores.
O dólar estável e a queda na curva de juros futuros contribuíram para um bom desempenho de empresas de construção e varejo na sessão. A MRV foi o destaque positivo do Ibovespa, com uma alta superior a 5%, beneficiada tanto pela redução na curva de juros quanto pela elevação de recomendação do Bank of America, que a classificou como a preferida no segmento de construção para baixa renda.
Na contramão, a Azul viu suas ações caírem mais de 3%, refletindo preocupações com um possível calote de R$ 1,2 bilhão da empresa portuguesa TAP e com seu balanço alavancado, que gera dúvidas sobre a capacidade de obter novas fontes de liquidez em meio à turbulência.