A Moody’s elevou a classificação de risco do Brasil de “Ba2” para “Ba1” e manteve a perspectiva positiva, aproximando o país do grau de investimento. O movimento reflete melhorias no perfil de crédito do Brasil, incluindo uma performance de crescimento mais robusta do que o estimado anteriormente e uma série de reformas econômicas e fiscais que têm fortalecido a resiliência da economia brasileira. No entanto, a agência aponta que o Brasil ainda enfrenta desafios em termos de credibilidade fiscal, devido ao custo relativamente alto da dívida.
A agência espera que o Brasil continue a trajetória de crescimento e manutenção da política fiscal, o que pode levar a uma redução dos custos de endividamento e, consequentemente, melhorar o caminho da dívida pública no médio prazo. A classificação do teto de moeda local do Brasil foi alterada para “A3”, quatro níveis acima da classificação soberana, refletindo estabilidade externa e risco político moderado.
A agência também revisou a perspectiva de crescimento do PIB do Brasil para 2,5% em 2024, atribuindo essa melhora ao impacto positivo das reformas estruturais e ao desempenho surpreendente da economia nos últimos anos. As reformas recentes abrangem áreas como a independência do Banco Central e melhorias na governança de empresas estatais.
No entanto, a Moody’s destaca que a rigidez nos gastos públicos, principalmente em áreas como previdência, assistência social e saúde, ainda limita a eficácia das políticas fiscais do país. Além disso, a agência alerta que, embora a dívida do governo deva se estabilizar em torno de 82% do PIB, o custo dos juros permanecerá elevado.
Análises
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, questionou a decisão da Moody’s de elevar a nota de crédito do Brasil, considerando-a “sem sentido”. Ele destaca que a agência já havia melhorado a perspectiva do Brasil em maio, mas que “a situação agora está diferente”, citando que o governo tem usado “cálculos parafiscais” e medidas que ele classifica como “quase que uma contabilidade criativa”.
Agostini ressaltou que o compromisso do governo com a redução de despesas está distante e que a dívida pública “tem a perspectiva de crescer ainda de forma consistente” até 2028. Além disso, ele mencionou que a elevação da nota ocorreu logo após uma reunião entre o governo brasileiro e a Moody’s, o que, segundo ele, “questiona a credibilidade” da classificação.
Segundo Gustavo Cruz a decisão deve se refletir em fluxo para ativos locais. “A agência parece ter colocado peso maior em crescimento na decisão. O impulso na bolsa pode vir da melhora de crédito das empresas”, diz o estrategista da RB Investimentos.
Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira as contas externas, o PIB e o núcleo da inflação apoiaram a elevação do ratinho. “Questão fiscal ainda merece endereçamento, apesar da decisão da Moody’s. A perspectiva positiva eleva responsabilidade do governo perseverar nas reformas”, diz ele.