O Brasil está atravessando um período de grandes desafios econômicos, marcado por um conflito entre a política monetária e fiscal, conforme destacou Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, em sua participação no programa “Mercado & Beyond”.
Segundo Vitoria, o recente aumento da taxa de juros pelo Banco Central trouxe à tona um problema de “equilíbrio muito ruim” para o país, que agora enfrenta uma política monetária altamente restritiva ao mesmo tempo em que o governo mantém uma postura fiscal expansionista.
“A combinação de uma política monetária muito contracionista com uma fiscal expansionista encarece a dívida do país e não resolve o problema do ajuste fiscal,” afirmou Rafaela Vitoria. Ela ressaltou que essa postura pode prejudicar o potencial de desenvolvimento econômico do Brasil, ao mesmo tempo em que aumenta o custo da dívida pública.
Divergência com Economias Globais
Enquanto outras grandes economias globais começaram a flexibilizar suas taxas de juros, o Brasil decidiu seguir um caminho mais restritivo, apesar de ter iniciado seu processo de afrouxamento monetário antes. Rafaela Vitoria observou que, embora o país estivesse em um processo de queda na inflação, o Banco Central optou por elevar os juros novamente devido a preocupações com o aumento da inflação nos últimos meses.
Ela também mencionou que a falta de confiança na política econômica do país, especialmente na política fiscal, tem sido um fator preponderante para a desancoragem das expectativas inflacionárias. “A falta de confiança não é necessariamente no Banco Central, mas no conjunto da política econômica. O Brasil precisa retomar a confiança para destravar seu potencial de crescimento”, pontuou.
Pressão sobre o Mercado e os Investimentos
Segundo Vitoria, o mercado brasileiro enfrenta desafios que vão além da política monetária. O cenário fiscal do país é preocupante, e a economista alerta que a incerteza e as constantes mudanças nas regras de políticas públicas afetam diretamente a confiança dos investidores estrangeiros. Ela destacou que o Brasil poderia estar em uma posição muito melhor se houvesse uma agenda mais consistente e transparente de reformas.
Reforma Estrutural e Competitividade
Para Rafaela Vitoria, o país tem potencial para atrair mais investimentos e melhorar sua competitividade global. No entanto, ela acredita que a insegurança jurídica e a complexidade para fazer negócios no Brasil ainda são grandes impedimentos para um crescimento mais acelerado. Ela mencionou a importância de avançar em reformas estruturais, como a simplificação tributária, que poderia trazer mais eficiência e previsibilidade ao ambiente de negócios.
“A economia brasileira é robusta e tem grande escala, mas ainda temos espaço para melhorar em termos de mercado livre para atrair mais investidores,” explicou Vitoria. Ela ressaltou que uma maior clareza e segurança nas regras poderiam fazer do Brasil um destino mais atraente para o capital estrangeiro.
Reflexões Finais e Perspectivas
Rafaela Vitoria encerrou sua participação no programa abordando a importância do equilíbrio entre a política fiscal e monetária para o crescimento sustentável do país. “O Brasil tem potencial para crescer e avançar, mas é fundamental que haja um comprometimento com a disciplina fiscal e a busca por um ambiente econômico mais estável e previsível.”