O economista Bruno Corano, em entrevista à BM&C News, destacou que o mercado de trabalho nos Estados Unidos está sob os holofotes do Federal Reserve (Fed), após a inflação ter apresentado sinais de convergência para a meta de 2%. Segundo Corano, controlar a demanda por empregos é mais fácil do que a inflação em si, mas há uma preocupação crescente se a inflação se manterá em patamares elevados no longo prazo, especialmente com o mercado de trabalho americano ainda aquecido.
Corano explicou que, embora a inflação tenha caído mais rápido do que o esperado, a questão agora é como o mercado de trabalho se comportará diante dessa nova fase. “O emprego acaba sendo um aspecto secundário e, com a política adotada, tudo indica que ele retornará a um nível mais equilibrado em um prazo curto”, afirmou.
Ele ressaltou que a relação entre emprego e inflação mudou nas últimas décadas, devido ao aumento da capacidade produtiva e ao enriquecimento das economias. Para Corano, o antigo modelo econômico, que associava diretamente um emprego forte à pressão inflacionária, já não é mais uma realidade. Essa mudança abre espaço para que o emprego continue aquecido sem necessariamente impulsionar a inflação.
Impacto dos Estímulos Chineses
Bruno Corano também comentou sobre os recentes estímulos econômicos na China e seu possível impacto na inflação dos Estados Unidos. Ele acredita que o recente aumento dos preços de commodities é apenas uma reação temporária ao otimismo do mercado. “A demanda não deve subir sensivelmente, então é muito mais uma reação de otimismo”, explicou.
Apesar da iniciativa do governo chinês de trazer mais segurança e liquidez ao mercado, Corano avalia que o cenário geral da economia chinesa continua desaquecido, principalmente nas indústrias que consomem commodities. Por isso, ele não espera que esse movimento cause uma pressão inflacionária significativa nos Estados Unidos.
Tendências Globais de Restrição a Produtos Chineses
Outro ponto levantado por Corano foi a tendência global de países ocidentais em impor barreiras e taxações a produtos chineses. Ele afirmou que, por muitos anos, os produtos chineses trouxeram benefícios devido ao seu baixo custo, mas agora estão gerando desequilíbrios nos mercados internos de países como Alemanha e Estados Unidos. “A Tesla, por exemplo, está sofrendo forte concorrência dos carros chineses que chegam com preços mais baixos, devido a subsídios governamentais”, destacou.
Bruno Corano mencionou que há uma agenda global em andamento, liderada por países desenvolvidos do Ocidente, para definir restrições aos produtos chineses. “É uma medida necessária para gerar um equilíbrio entre as economias do Ocidente e Oriente”, concluiu.