Nesta segunda-feira (30), o Ibovespa fechou sua sessão em queda de 0,69 aos 131.816,44 pontos. A semana iniciou de forma agitada nos mercados financeiros, com diversas movimentações globais e nacionais impactando os investidores.
Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, conversou com o portal da BM&C News e analisou o pregão de hoje e a expectativa para a semana.
Segundo Mendonça, o destaque nos Estados Unidos, está voltada para os dados de emprego ao longo da semana. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), indicou em seu discurso uma desaceleração contínua da inflação, sinalizando que o recente corte de juros está alinhado com os dados do mercado de trabalho. Os investidores aguardam a divulgação do Payroll de setembro na sexta-feira, o ADP na quarta-feira e o relatório Jolts amanhã. Estes índices têm sido fundamentais para as futuras decisões de juros do Fed, muitas vezes mais do que a própria inflação.
Na zona do Euro, os dados de inflação vieram baixos, alimentando expectativas de que o Banco Central Europeu possa iniciar cortes de juros nas próximas reuniões. Já no Brasil, o destaque foi o cenário fiscal. O setor público consolidado de agosto registrou um déficit primário de R$ 21,4 bilhões. Ainda hoje, o governo deve anunciar um decreto de programação orçamentária e financeira, detalhando quais ministérios serão beneficiados pelo descongelamento de R$ 1,7 bilhão em gastos.
Enquanto aqui no Brasil, a especialista em mercados destacou o Boletim FOCUS, que trouxe poucas alterações na projeção para o Dólar, mas a projeção da SELIC para o final de 2024 foi revisada para 11,75% (antes 11,50%) e para 2025 para 10,75% (antes 10,50%). A projeção do PIB para 2025 também subiu para 1,92%, evidenciando a preocupação do Banco Central com a atividade econômica do país, que continua em alta, e indicando que medidas de política monetária não têm sido suficientes para conter a inflação.
Movimentações no Mercado Financeiro
A sócia da AVG Capital falou sobre o Ibovespa, que iniciou o dia em alta, impulsionado pela valorização do minério de ferro e pelo desempenho das ações da Vale. No entanto, a revisão da SELIC e os dados sobre as contas públicas contribuíram para reforçar a aversão ao risco, provocando oscilações.
O Dólar também teve um dia volátil, começando em queda devido ao estímulo econômico chinês, que impulsionou as moedas de mercados emergentes. No entanto, o cenário mudou com a disputa pela Ptax de fim de mês. Os juros futuros avançaram, refletindo o alerta em relação ao cenário fiscal no Brasil.
Destaques Corporativos
Por fim, Hemelin Mendonça destacou os principais papéis deste pregão.
- Azul (AZUL4) apresentou alta consecutiva devido às negociações ativas de acordos com arrendadores para reestruturação de dívidas.
- Vamos (VAMO3) subiu após a Simpar, acionista controladora, propor uma reorganização societária que visa tornar a operação da Vamos Locação totalmente dedicada ao segmento de locação de caminhões, máquinas e equipamentos.
- Assaí (ASAI3) registrou queda após a Receita Federal determinar o arrolamento de ativos no valor de R$ 1,265 bilhão devido a contingências tributárias.
- Magazine Luiza (MGLU3) também recuou, influenciada pelo cenário de juros altos que afeta o consumo e, consequentemente, o lucro líquido da empresa. Nesse contexto, o setor varejista tende a ser pressionado.