Nesta sexta-feira (27), o Ibovespa finalizou sua sessão em baixa de 0,21%, aos 132.730,36 pontos.
Christian Iarussi, da The Hill Capital, analisa o cenário econômico global e os impactos sobre o Ibovespa e as taxas de juros, destacando a influência da inflação americana, recuperação chinesa e as incertezas fiscais no Brasil.
Segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o índice PCE (Personal Consumption Expenditures) nos EUA apresentou uma variação de 0,1% em agosto, alinhada com as expectativas, e uma taxa anual de 2,2%, ligeiramente abaixo da projeção de 2,3%. Esses números reforçam a expectativa de que a inflação nos Estados Unidos está sob controle, o que pode levar o Federal Reserve a realizar cortes mais agressivos nas taxas de juros. Esse cenário tem impulsionado o avanço dos mercados de ações globais, criando um ambiente favorável para investidores.
Cenário Brasileiro: Estabilidade no Ibovespa e Pressão nas Taxas de Juros
No Brasil, o Ibovespa manteve-se estável, mesmo diante do aumento nas taxas de juros futuros (DI), que foram influenciadas pela queda na taxa de desemprego. Esse movimento enfraqueceu as ações de empresas sensíveis ao ciclo econômico. Além disso, o aumento do IGP-M em setembro trouxe preocupações sobre uma possível elevação da taxa Selic, pressionando as taxas de DI. O dólar, por outro lado, oscilou, mas permaneceu relativamente estável em relação ao real.
Recuperação da China Impulsiona Ações de Commodities
Um fator de destaque, segundo Iarussi, foi a recuperação econômica da China, que impulsionou as ações ligadas ao setor de commodities, como a Vale, após um aumento de 4% no preço do minério de ferro. Essa recuperação chinesa contribuiu para que o Ibovespa se mantivesse na faixa dos 133 mil pontos, também beneficiado pelo bom humor nos mercados globais.
Incertezas Fiscais e Expectativas para a Taxa Selic
O Ibovespa operou de lado por conta das incertezas fiscais e dúvidas sobre o ritmo de elevação da Selic permanecem. Dados recentes do mercado de trabalho e o IGP-M de setembro alimentam preocupações sobre possíveis ajustes na política monetária. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou essas preocupações ao afirmar que “não há como garantir estabilidade monetária sem equilíbrio fiscal”, sugerindo que a política monetária pode enfrentar desafios nos próximos meses.
Destaques Corporativos: SLC Agrícola, Prio e Brava Energia
- SLC Agrícola: As ações subiram mais de 4% após a empresa revisar suas projeções para a safra 2024/2025. O aumento de 11,4% na área plantada e a redução dos custos de produção, especialmente na soja, melhoraram as perspectivas de produtividade e rentabilidade da empresa.
- Prio: A empresa registrou um avanço de mais de 3% mesmo com a queda no preço do petróleo. O movimento positivo é atribuído à aquisição da Sinochem Petroleum Netherlands Coöperatief, que detém 40% dos Campos de Peregrino e Pitangola, por US$ 1,915 bilhão. Isso aumenta a capacidade de produção da empresa e oferece a possibilidade de assumir o controle do campo no futuro.
- Brava Energia: Com uma alta de mais de 5%, a Brava Energia concluiu uma transação que trouxe US$ 234 milhões, garantindo sua entrada na concessão BS-4. Esta operação deve melhorar seu balanço patrimonial no terceiro trimestre e fortalecer a liquidez da empresa.
Pressão nas Taxas de Juros Futuros e Desafios Fiscais
Os juros futuros no Brasil fecharam em alta, destoando do comportamento do dólar e dos rendimentos dos Treasuries. Essa movimentação reflete preocupações com a inflação, reforçadas pelos números da Pnad Contínua e do IGP-M, além das persistentes dúvidas sobre a situação fiscal. Na semana anterior, a Fitch Ratings alertou que o crescimento econômico brasileiro não resolve a questão fiscal, alimentando incertezas sobre o futuro da política monetária.
Expectativas para o Federal Reserve e Próximos Passos
No cenário internacional, a semana foi marcada pela decisão do FOMC de reduzir os juros em 0,50 p.p., aumentando a volatilidade nos mercados globais. O índice PCE, com resultado melhor que o esperado, sugere uma trajetória de cortes nos juros, mas o mercado aguarda o relatório de emprego (Payroll) para definir os próximos passos do Federal Reserve.