O rali das taxas do Tesouro Direto se estendeu nesta segunda-feira (23), com o título de inflação mais curto, de 2029, atingindo um novo recorde em 12 meses. O juro real foi a 6,76% na segunda atualização do dia, 0,11 ponto percentual acima do recorde anterior, de 6,66%, registrado na semana passada. A disparada começou na última quarta-feira (18), após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa de juros em 0,25%. Desde então, os prêmios dos títulos de inflação e dos prefixados dispararam, com destaque para os papéis de vencimento mais curto.
Nesta segunda-feira, a revisão de alguns indicadores pelos economistas ouvidos pelo Banco Central para o Relatório Focus também mexeu com as taxas. O boletim trouxe a revisão altista da inflação, com uma projeção do IPCA fechar o ano em 4,25% e a atividade econômica do país se mostrar mais forte, com crescimento do PIB de 2,43% no ano.

O que está causando a disparada das taxas?
O aumento das taxas de juros, especialmente após a decisão do Copom de elevar a Selic, tem influenciado diretamente o mercado de títulos. A medida visa controlar a inflação, mas também leva os investidores a demandarem maiores retornos para compensar o aumento do custo do dinheiro. Com isso, títulos de prazos intermediários e longos passaram a oferecer rendimentos mais atrativos.
Como está o desempenho dos títulos de inflação?
Após a atualização das 10h (horário de Brasília), a taxa do Tesouro IPCA+ 2029 foi a 6,76%, frente fechamento de 6,66% na sexta-feira (20), sendo o único título de inflação que renovou o recorde do ano. O título intermediário, IPCA+ 2035, foi a 6,48% nesta segunda ante 6,40% na sexta, enquanto o papel com vencimento em 2045 subiu para uma taxa de 6,45% ante 6,40% na sexta também. Esses aumentos refletem a busca por proteção contra a inflação em cenários de incerteza.
Juros reais ou pós-fixados: Qual a melhor opção?
Para o Itaú BBA, os títulos pós-fixados seguirão atraindo o capital do investidor local, dada a renovada perspectiva de retornos elevados nos próximos meses e a baixa volatilidade. Contudo, um relatório desta segunda-feira afirma que as taxas futuras refletem neste momento a percepção de que a taxa Selic atingirá e estabilizará no patamar de 12,75% ao ano nos próximos anos.
“O que nos parece já embutir os desafios à frente e reforça a visão otimista para títulos prefixados ao redor de 2 anos e títulos atrelados à inflação no trecho mais longo da curva”, afirma o relatório do BBA. Esse contexto sugere que títulos prefixados e os atrelados à inflação podem ser escolhas estratégicas para diferentes perfis de investidores.
Quais são as tendências para os títulos prefixados?
Os prefixados também tiveram uma forte disparada no dia, com o título curto, de vencimento em 2027, renovando a máxima do ano para 12,35% frente os 12,10% de julho. Já o papel intermediário, de 2031, subiu de forma mais contida, para 12,58%. No pregão anterior, fechou em 12,46% e o recorde em 12 meses foi de 12,65%.
Confira abaixo os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto nesta segunda-feira (23), na atualização de 09h54:
- Tesouro IPCA+ 2029: 6,76%
- Tesouro IPCA+ 2035: 6,48%
- Tesouro IPCA+ 2045: 6,45%
- Tesouro Prefixado 2027: 12,35%
- Tesouro Prefixado 2031: 12,58%
Diante desse cenário, investidores devem considerar suas estratégias e perfis de risco ao decidirem entre títulos pós-fixados, prefixados e atrelados à inflação. A análise de tendências econômicas e decisões políticas, como as realizadas pelo Copom, continuarão a influenciar significativamente o mercado de títulos.