O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma variação de 0,13% em setembro, mostrando uma desaceleração em relação à taxa de 0,19% observada em agosto. O resultado representa uma redução de 0,06 ponto percentual, refletindo uma leve perda de ritmo da inflação no período.
O índice acumulado trimestral, conhecido como IPCA-E, atingiu 0,62%, superando a taxa de 0,56% registrada no mesmo período de 2023. No acumulado do ano, o IPCA-15 registra uma alta de 3,15%, enquanto, nos últimos 12 meses, a taxa é de 4,12%, abaixo dos 4,35% observados nos 12 meses anteriores.
Em setembro do ano anterior, o IPCA-15 havia sido de 0,35%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta no mês de setembro, demonstrando que a inflação se espalhou por diferentes segmentos da economia.
A queda na taxa de variação do IPCA-15 pode ser um indicativo de um cenário de inflação mais contida, porém, ainda há atenção em relação a grupos que tiveram altas expressivas.
Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o resultado do IPCA-15 de setembro surpreendeu tanto a instituição quanto o mercado ao apresentar uma variação de apenas 0,13%, frente à previsão de 0,33% e a mediana do mercado de 0,28%. “Nossa surpresa de 20bps foi disseminada, com desvio de -5bps em energia elétrica, -7bps em alimentação no domicílio, -3bps em ‘cinema, teatro e concertos’ e -2bps em seguro de veículo, gasolina, etanol e cigarro”, explicou. Sanchez destacou que a média do núcleo do BC também frustrou suas expectativas, com um desvio de -11bps. “Nesse contexto, vale comentar que os serviços subjacentes tiveram variação nula (0,00%), bem abaixo dos 0,22% projetados por nós.”
Diante desse cenário, o economista aponta que a projeção mensal para setembro deverá ser ajustada para baixo, passando dos atuais +0,50% para cerca de 0,35%. Além disso, a perspectiva anual deve ser revisada de 4,6% para 4,4%. Contudo, Sanchez observa que, apesar do resultado positivo do IPCA-15, é pouco provável que haja grandes implicações para a política monetária. “O ciclo acabou de se iniciar e nenhuma das condições colocadas pelo BC para justificar o aperto monetário foi minimamente satisfeita com a prévia do índice de inflação.”
Já o economista Alvaro Bandeira destacou que, apesar do resultado ter ficado abaixo das expectativas, isso não deve alterar a trajetória da política monetária do Banco Central. Ele ressaltou que o comportamento da inflação, mesmo com a variação mais baixa do IPCA-15, não muda a expectativa sobre as ações do COPOM e da SELIC, que devem continuar seu processo de ajuste.
Segundo ele, a inflação acumulada em 12 meses, ainda fora do centro da meta, juntamente com preocupações como o déficit fiscal e o nível de endividamento, mantém o cenário de cautela. Apesar de o resultado do IPCA-15 ser positivo, ele não deve ter um impacto significativo nos mercados, que permanecem focados nas expectativas para 2025.