A Leucemia Mieloide Crônica (LMC) é um tipo de câncer que se origina na medula óssea, o tecido esponjoso dentro dos ossos onde são produzidas as células sanguíneas. Nessa doença, ocorre uma alteração genética que faz com que as células-tronco da medula óssea se multipliquem de forma descontrolada, produzindo um excesso de um tipo específico de glóbulo branco chamado de neutrófilo. A LMC representa aproximadamente 15% de todas as leucemias em adultos, com uma incidência de um a dois casos por 100 mil pessoas por ano.
Embora a LMC possa afetar pessoas de todas as idades, é mais comum em indivíduos com idades entre 45 e 55 anos. A doença progride em três fases: crônica, acelerada e crise blástica, cada uma com características e sintomas distintos.
O que causa a LMC?
A LMC é resultante de uma mudança específica nos cromossomos das células-tronco hematopoiéticas. Cerca de 95% dos casos apresentam uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, formando o chamado cromossomo Philadelphia (Ph). Esta alteração genética, detectável citogeneticamente, foi a primeira evidência de que o câncer pode se originar de modificações genéticas adquiridas.
Como a LMC se Manifesta?
A maioria dos pacientes com LMC são assintomáticos no momento do diagnóstico, frequentemente identificado através de hemogramas realizados para outras investigações clínicas.
No entanto, à medida que a doença progride,podem surgir os seguintes sintomas:
- Fadiga: Sensação constante de cansaço e falta de energia.
- Fraqueza: Dificuldade para realizar atividades físicas.
- Perda de peso: Sem causa aparente.
- Sudorese noturna: Suar excessivamente durante o sono.
- Febre: Sem infecção aparente.
- Aumento do baço: O baço pode aumentar de tamanho e causar desconforto abdominal.
- Aumento do fígado: Em alguns casos, o fígado também pode aumentar.
Como é diagnosticada a LMC?
- Exame de sangue: Avalia a quantidade de células sanguíneas e identifica a presença de células anormais.
- Mielograma: Retirada de uma amostra de medula óssea para análise.
- Cariótipo: Análise dos cromossomos para identificar a alteração genética característica da LMC.
- Teste molecular: Detecta a presença do gene BCR-ABL.
A confirmação da LMC geralmente envolve a análise do cariótipo para detectar o cromossomo Ph. Em situações urgentes, pode-se utilizar a técnica FISH (hibridação fluorescente in situ) para identificar rearranjos cromossômicos rapidamente. A PCR (reação em cadeia da polimerase) é frequentemente empregada para detectar rearranjos BCR-ABL no nível molecular.
Quais são os tratamentos disponíveis para LMC?
Até os anos 2000, o transplante de medula óssea era a única opção curativa para LMC. No entanto, o cenário mudou drasticamente com a aprovação do imatinibe, o primeiro inibidor de tirosina cinase. Este medicamento revolucionou o tratamento da LMC, oferecendo uma forma eficaz de controle da doença com menos efeitos colaterais.
Atualmente, além do imatinibe, outras drogas similares como dasatinibe, nilotinibe, bosutinibe, ponatinibe e ascimetinibe são empregadas no manejo da LMC. Estas terapias direcionadas agem diretamente na anomalia molecular da doença, permitindo que muitos pacientes tenham uma expectativa de vida normal.
Por que o tratamento da LMC é considerado uma revolução?
A experiência com os inibidores de tirosina cinase demonstrou como o conhecimento detalhado da biologia de uma doença pode guiar o desenvolvimento de terapias eficazes. Estas drogas representam um avanço significativo não apenas no tratamento da LMC, mas também abriram portas para terapias-alvo em outros tipos de câncer.
Pacientes responsivos a esses tratamentos podem, em muitos casos, suspender o uso da medicação sob vigilância médica contínua após anos de resposta rigorosa. Os avanços contínuos na pesquisa e no desenvolvimento de novos medicamentos prometem ainda mais melhorias no manejo da LMC e outras malignidades hematológicas.
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