O setor de saúde no Brasil enfrenta uma série de desafios que culminam em uma crise, de acordo com Michel Goya, Diretor da Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS).
Em participação do programa New Deal, Goya abordou os principais problemas que o segmento enfrenta, destacando a necessidade de inovação e a atuação das healthtechs como potenciais solucionadoras de ineficiências do sistema.
“A saúde no Brasil está em crise, ainda que seja uma crise controlada por enquanto,” afirmou Goya. Ele explicou que o modo como os brasileiros consomem serviços de saúde é um dos fatores que levam a esse cenário, gerando dificuldades para hospitais e operadoras de saúde manterem um equilíbrio financeiro. “O brasileiro, quando não se sente bem, vai diretamente ao pronto-socorro de um hospital de alta complexidade, o que gera custos elevados para o sistema.”
Com base nisso, Michel destacou a necessidade de uma reestruturação no consumo e oferta de serviços, sugerindo que a solução pode vir das healthtechs – startups que trazem inovação e tecnologia para o setor de saúde. “Assim como as fintechs transformaram o mercado financeiro, as healthtechs têm o potencial de revolucionar o setor de saúde, oferecendo tecnologias que trazem eficiência e reduzem custos,” ressaltou o diretor.
Desafios e Oportunidades para Startups de Saúde
O setor de healthtechs está apenas no início de seu potencial disruptivo, mas enfrenta desafios significativos. As startups precisam lidar com questões como a complexidade do setor de saúde, regulamentações rigorosas e as grandes barreiras de entrada. Goya enfatizou que, apesar dessas dificuldades, o mercado de saúde brasileiro é altamente promissor para investimentos e inovação.
“O cenário para o empreendedor e para as startups de saúde está desafiador, mas nunca deixou de ser uma área de oportunidades. Há muito dinheiro disponível no mundo para investimentos, e o Brasil ainda é um mercado barato para esse tipo de inovação,” destacou Goya.
Ele também observou que a pandemia foi um ponto de inflexão para o setor, provocando um acúmulo de demandas e expondo ineficiências que já estavam presentes. Segundo Goya, o cenário atual requer soluções inovadoras que podem surgir de startups focadas em tecnologia, inteligência artificial e eficiência operacional.
Tecnologia e Eficiência como Caminho
Goya destacou a importância da tecnologia na busca por soluções mais eficientes para o setor de saúde. “Estamos apenas vendo a ponta do iceberg no que diz respeito ao potencial de transformação das healthtechs. A integração de dados, prontuários eletrônicos e inteligência artificial pode tornar os processos de saúde muito mais eficientes e acessíveis para a população.”
No entanto, o diretor da ABSS faz um alerta: para que essas startups sejam bem-sucedidas, é essencial que compreendam profundamente as nuances e a complexidade do setor de saúde. “Não se deve subestimar a complexidade do setor de saúde. Entender o setor de verdade é fundamental para desenvolver soluções que sejam realmente eficazes e sustentáveis.”
Perspectivas de Investimento
Apesar das dificuldades, o setor de startups de saúde continua sendo uma área de grande interesse para investidores. “A saúde é um mercado resiliente, cheio de regulamentações e com barreiras de entrada muito altas. Isso, por si só, torna o setor muito atrativo para quem busca oportunidades de investimento,” comentou Goya. Ele também mencionou que o momento atual está mais equilibrado em relação às expectativas de valuations e captações, o que pode trazer boas oportunidades para investidores que enxergam o potencial de crescimento do setor.