O Banco Central divulgou a ata da 265ª Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nos dias 17 e 18 de setembro, em que a instituição decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) em 25 pontos-base, fixando-a em 10,75% ao ano. A decisão reflete as preocupações com o cenário inflacionário, tanto no ambiente externo quanto no doméstico.
Segundo o comunicado, o ambiente externo continua desafiador, em especial devido ao momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, que gera incertezas sobre o ritmo de desaceleração e desinflação, bem como a postura futura do Federal Reserve (Fed).
A política monetária norte-americana tem sido um fator crucial para os mercados globais, afetando expectativas e decisões de política monetária em países emergentes, como o Brasil.
No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho mostram um dinamismo maior do que o previsto, o que levou o Banco Central a reavaliar a posição do “hiato do produto”, indicando que a economia brasileira está operando acima de seu potencial. Esse aquecimento traz preocupação em relação à pressão inflacionária, levando o Copom a adotar uma postura mais cautelosa.
Na conclusão da ata, o Comitê de Política Monetária avalia que as projeções de inflação para o médio prazo tornaram-se mais desafiadoras, mesmo considerando a trajetória de juros mais elevados. O cenário prospectivo reforça a necessidade de manter uma política monetária mais restritiva, com o objetivo de assegurar a convergência da inflação para a meta.
O economista Maykon Douglas destacou que a ata da última reunião do Copom não trouxe surpresas significativas e reforçou que, apesar de uma avaliação mais otimista do cenário externo, devido ao ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos, o ambiente inflacionário no Brasil permanece desafiador. Ele ressaltou que, embora o Comitê ainda não tenha quantificado o impacto dos salários sobre a inflação, o aperto no mercado de trabalho torna o processo de desinflação subjacente mais difícil, sugerindo que o Copom deve ser cauteloso ao não subestimar esse impacto.
Douglas também observou que a ata não aprofundou as diferenças de visão dos membros do Comitê em relação ao hiato do produto e ao balanço de riscos assimétrico, em comparação com reuniões anteriores. Segundo ele, essas mudanças são relevantes e descrevem melhor o cenário atual, embora tenham sido tardias.
Por fim, o economista acredita que o Copom continua adotando uma abordagem gradual em relação aos próximos passos, mas que a exigência para acelerar o ritmo de alta dos juros na próxima reunião não deveria ser tão elevada.
Jefferson Laatus, estrategista-chefe da Laatus, destacou que a ata do Copom deixa claro que o Banco Central analisará o cenário doméstico e externo em cada reunião, indicando que fatores como o pleno emprego, o mercado de consumo aquecido, as preocupações fiscais e a pressão do dólar continuarão influenciando a inflação, tornando prováveis novos aumentos na taxa Selic.
No entanto, Laatus ressaltou que, para os investidores em bolsa, o foco imediato está nos novos dados da China, que indicam um crescimento econômico e devem ter impacto significativo nos mercados no curto prazo.
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, observou que a decisão do Copom de elevar a Selic em 0,25% tem como objetivo conter a inflação em um cenário de resiliência econômica e pressões inflacionárias, mas alerta que esse movimento tende a impactar negativamente o setor produtivo, tornando o crédito mais caro e dificultando investimentos, além de pressionar o poder de compra dos consumidores.
Nesse contexto, Monteiro sugere que diversificar investimentos em ativos atrelados à inflação e explorar oportunidades em mercados emergentes são estratégias essenciais para mitigar riscos e buscar retornos mais atrativos.
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