Os cientistas chineses publicaram recentemente os primeiros resultados das análises das amostras coletadas do lado oculto da Lua, uma região que até agora era inacessível à observação direta da Terra. Este avanço foi possível graças à missão Chang’e 6, que revelou uma combinação única de materiais que promete ampliar nosso entendimento sobre o nosso satélite natural.
Nessa pesquisa inicial, os resultados sugerem que o solo lunar dessa área consiste em uma mistura de basaltos e materiais de outras áreas já estudadas por missões anteriores. Isso tem importantes implicações para a compreensão da geologia lunar e da história de impactos do satélite.
O Que Foi Descoberto no Lado Oculto da Lua?
De acordo com os cientistas envolvidos no projeto, as amostras coletadas podem ter se formado por uma “mistura de solo lunar maduro com materiais frescos ejetados”. Esta hipótese baseia-se nas crateras de impacto recentes identificadas nas proximidades do local de pouso da missão Chang’e 6.
Além disso, as amostras mostram diferenças significativas em comparação com aquelas coletadas em missões anteriores como o programa Apollo. O regolito lunar do lado afastado da Lua possui partículas mais claras em comparação com as amostras da Chang’e 5, que foram obtidas na face visível do satélite. Segundo os pesquisadores, essa variação na coloração pode estar associada aos impactos que a região sofreu ao longo do tempo.
Por Que o Lado Oculto da Lua é Diferente?
O lado oculto da Lua está sempre voltado na direção oposta à Terra, o que significa que esta área é frequentemente atingida por impactos de meteoros e outros objetos celestes. Richard de Grijs, professor da Universidade Macquarie na Austrália, explicou que “as amostras do lado distante incluem material da superfície e de camadas mais profundas, resultando em composições químicas diferentes das amostras coletadas na face visível da Lua.”
Como a Missão Chang’e 6 Desempenhou Seu Papel?
A missão Chang’e 6 foi lançada em 3 de maio e atingiu a órbita lunar cinco dias depois. No início de junho, o módulo de pouso aterrissou dentro da cratera Apollo, na bacia do Polo Sul-Aitken (SPA). Esta bacia é a maior, mais profunda e mais antiga cratera de impacto da Lua, tornando-a um local de grande interesse científico.
A Chang’e 6 recolheu cerca de 2 kg de matéria lunar utilizando uma pá e uma broca. Essa carga foi transportada pelo ascensor de volta ao orbitador, que iniciou seu retorno para a Terra no final de junho.
Componentes da Missão Chang’e 6
- Um módulo de pouso lunar
- Uma cápsula de retorno
- Um orbitador
- Um ascensor (pequeno foguete transportado pelo módulo de pouso)
Com o sucesso desta missão, a China se tornou o primeiro — e até agora único — país a trazer amostras do lado oculto da Lua para a Terra. Estas amostras oferecerão uma nova perspectiva sobre a geologia lunar e poderão responder a muitas questões pendentes sobre a formação e evolução da Lua.
Quais São as Próximas Etapas para o Estudo da Lua?
Os cientistas continuarão a analisar as amostras trazidas pela Chang’e 6, comparando-as com dados de missões anteriores e futuras para obter uma visão mais completa da história lunar. Além disso, as missões subsequentes já estão sendo planejadas para explorar outras áreas do nosso satélite, ampliando ainda mais nosso conhecimento sobre a Lua.
Com essas descobertas e avanços contínuos, a ciência lunar está entrando em uma nova era, rica em oportunidades para compreender melhor não apenas a Lua, mas também outros corpos celestes no nosso sistema solar.