Xangai é uma das cidades mais impressionantes da China, não apenas por suas luzes brilhantes e arranha-céus futuristas, mas também por seu papel crescente como um polo de inovação tecnológica. Entre os avanços mais significativos está a fusão nuclear, uma área onde cientistas e engenheiros da cidade estão fazendo progressos notáveis. Paradoxalmente, essa evolução tem gerado preocupação nos Estados Unidos, que vêem sua liderança tradicional ameaçada.
A fusão nuclear, processo que ocorre no Sol, promete ser a chave para uma fonte de energia praticamente inesgotável e limpa. No entanto, dominar essa tecnologia tem sido um dos maiores desafios científicos das últimas décadas. Diversos países já iniciaram experimentos, mas sustentar a fusão de maneira eficiente é um obstáculo ainda a ser superado.
O que é Fusão Nuclear?
Em essência, a fusão nuclear envolve a união de dois núcleos atômicos a temperaturas extremamente altas, liberando uma quantidade colossal de energia. Este processo é, de fato, o que faz o Sol brilhar. Em laboratórios terrestres, a meta é replicar essas condições severas de maneira controlada. A recompensa? Uma geração de energia que supera em milhões de vezes os combustíveis fósseis e é significativamente mais potente do que a fissão nuclear tradicional.
Por que a China Está na Vanguarda?
A China está investindo pesadamente em pesquisa de fusão nuclear, com cifras que variam entre US$1 bilhão e US$1,5 bilhão anuais. Em comparação, os Estados Unidos investem cerca de US$800 milhões por ano. Além do montante investido, a velocidade de progresso da China tem sido impressionante. Desde 2015, o país asiático registrou um número de patentes nessa área que ultrapassa qualquer outra nação, sinalizando um avanço acelerado.
Energy Singularity: A Jóia da Coroa Chinesa
Uma das startups mais promissoras nesse cenário é a Energy Singularity. Eles alcançaram um marco notável ao desenvolver um tokamak em apenas três anos. Tokamak é a máquina que contém e sustenta reações de fusão. Utilizando ímãs supercondutores de alta temperatura, a startup conseguiu criar um reator menor e mais eficiente do que os modelos tradicionais. O objetivo é ambicioso: construir um segundo tokamak até 2027, visando a viabilidade comercial da fusão nuclear até 2035.
Desafios e Competições nos EUA
Enquanto isso, nos Estados Unidos, a situação é mais desafiadora. A infraestrutura de fusão nuclear americana é envelhecida, com muitos tokamaks tendo mais de três décadas de uso. Andrew Holland, CEO da Fusion Industry Association, menciona que centros de pesquisa americanos sofrem por não terem instalações modernas comparáveis às da China. Por exemplo, o parque de pesquisa CRAFT, na China, um centro de US$570 milhões, é um exemplo do investimento pesado e da infraestrutura de ponta de que os americanos carecem.
Dependência de Projetos Americanos
Muitas das inovações chinesas em fusão nuclear derivam de designs americanos. Tokamaks como o BEST, que será concluído em 2027, baseiam-se em modelos desenvolvidos por empresas dos EUA, ilustrando uma dependência tecnológica preocupante. A mesma tendência foi observada em outras indústrias, como a solar, onde a China inicialmente copiou tecnologias ocidentais antes de se tornar líder global.
Pontes para o Futuro da Energia
No final de 2022, cientistas americanos alcançaram um marco histórico ao gerar um ganho líquido de energia em um experimento de fusão a laser. Apesar desse sucesso, muitos especialistas ainda veem o tokamak como a abordagem mais viável para alcançar a fusão sustentável a curto prazo. A fusão a laser enfrenta desafios técnicos que precisam ser superados antes de se tornar uma alternativa viável.
Se as tendências atuais continuarem, Xangai poderá se firmar como um epicentro global no desenvolvimento de energia limpa e sustentável, através da fusão nuclear. Essa corrida tecnológica, embora competitiva, tem o potencial de beneficiar a humanidade com uma fonte de energia praticamente inesgotável, revolucionando a forma como concebemos a energia elétrica no século XXI.
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