Anteontem, MONEY REPORT realizou o seu terceiro Innovation Day, com palestrantes que mostraram como suas empresas trilharam o caminho da inovação. Um primeiro ponto a ser discutido foi abraçar sem medo os processos de mudança – e olhar oportunidades de negócio com interesse e ousadia.
Dois casos, neste quesito, chamam atenção. O primeiro é o do TikTok, uma plataforma que reúne cerca de 100 milhões de usuários apenas no Brasil (no mundo, são cerca de 2 bilhões de tiktokers). Para quem não se lembra, até alguns anos atrás, o TikTok era visto como uma rede social na qual os usuários postavam coreografias. Hoje, no entanto, a empresa se posiciona como uma plataforma de entretenimento e distribui conteúdos de várias temáticas – incluindo resenhas de livros.
“Não somos uma rede social”, disse Gabriela Comazzetto, gerente geral de soluções globais de negócios da Bytedance, companhia que controla a plataforma. “Nós distribuímos conteúdo de entretenimento”. O segredo está no algoritmo, que reconhece rapidamente o tipo de conteúdo desejado pelo usuário e dirige para seu “feed” várias opções adequadas.
Outro exemplo de mudança foi o da Zoox Data. Rafael Albuquerque contou que a companhia, em seus primeiros anos, fazia apenas o gerenciamento de redes wi-fi de hotéis brasileiros. E ia muito bem. Mas, em uma viagem para o Vale do Silício, Albuquerque ouviu falar da importância dos dados para a economia.
Voltou ao Brasil e propôs que a Zoox se transformasse em uma empresa de gerenciamento de dados – começando com os usuários das redes sem fio dos hotéis em que atuava. “Éramos uma empresa medíocre”, afirmou Albuquerque. Mudar de rumo não foi fácil e houve resistência. Mas, no final das contas, a Zoox conseguiu se transformar em uma empresa de data analytics e até surfar a onda da inteligência artificial – um tema praticamente onipresente em qualquer conversa sobre negócios.
Por fim, é preciso ter a mente aberta para enxergar uma oportunidade que parece ser óbvia, mas ninguém vê. Marcelo Esteves, da EXA, empresa de segurança cibernética voltada para pessoas físicas, deu um depoimento que mostra a diferença que isso pode trazer. Até recentemente, qualquer pessoa poderia contratar um seguro contra pix indevidos (ou decorrentes de roubo de celulares) apenas em seu banco. Ocorre que muitos indivíduos têm mais de uma conta corrente. Neste caso, a EXA criou um seguro que cobre todas as contas bancárias do cliente. Não é mais necessário fazer várias apólices, uma para cada instituição financeiro. Apenas uma – a da EXA – basta.
Inovar, porém, não é apenas adotar o último grito da tecnologia. É uma atividade que requer coragem e desapego. Para apontarmos nossas empresas em direção da inovação, deveremos entender que nenhum produto ou processo é sagrado. Tudo pode ser mudado ou pivotado. E aí entra um terceiro fator: a agilidade. De nada vai adiantar um espírito de mudança se as transformações demorarem dez anos para acontecer.
Coluna escrita por Aluizio Falcão Filho jornalista, articulista e publisher do portal Money Report, Aluizio Falcão Filho foi diretor de redação da revista Época e diretor editorial da Editora Globo, com passagens por veículos como Veja, Gazeta Mercantil, Forbes e a vice-presidência no Brasil da agência de publicidade Grey Worldwide
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