Atribuída ao Mossad, o serviço secreto de Israel, a série de explosões quase simultâneas de pagers é vista como mais uma das ações cinematográficas da inteligência israelense. Este ataque usando da tecnologia que mirou o grupo xiita Hezbollah, no Líbano, resultou em dezenas de mortos e milhares de feridos. Embora Israel não tenha reivindicado ou negado a ação oficialmente, a suspeita recai sobre o Mossad, uma organização conhecida por suas operações secretas e de espionagem.
O Mossad, oficialmente denominado Instituto para a Inteligência e Operações Especiais, atua desde 1949. Suas operações englobam desde evitar que inimigos adquiram armas não convencionais até a prevenção de ataques terroristas. Apesar de sua atuação controversa, a organização é um braço importante da segurança nacional israelense, administrado diretamente pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
O que é o Mossad e como ele opera?

Ao longo dos anos, o Mossad tem sido acusado de uma série de assassinatos seletivos. Essa prática, conhecida como “assassinato seletivo”, é definida pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha como “o uso intencional e premeditado de força letal por um Estado ou grupo armado organizado contra um indivíduo específico fora de sua custódia”.
Quem supervisiona o Mossad?
O Mossad tem como funções principais a coleta de informações, a realização de operações encobertas e o combate ao terrorismo. O diretor da agência presta contas diretamente ao Primeiro-Ministro de Israel.
Qual é o lema do Mossad?
O lema do Mossad é amplamente reconhecido no mundo da inteligência e encapsula a missão da organização: “Por meio de enganos, tu farás a guerra” (em hebraico: בתחבולות תעשה לך מלחמה). Essa frase ressalta a importância que o Mossad atribui à astúcia, à camuflagem e ao uso de inteligência humana em suas atividades. A agência se destaca por sua habilidade em infiltrar-se em grupos terroristas, acessar informações sigilosas e executar operações secretas de alto risco.
Atividades do Mossad
O Mossad é amplamente reconhecido por suas operações clandestinas ao redor do planeta. Entre as mais marcantes, podemos citar:
1 – Operação Entebbe (1976): Esta ação foi direcionada ao resgate de reféns israelenses que estavam a bordo de um avião sequestrado na Uganda. A missão, que tinha um nível de risco elevado, foi realizada com sucesso.
2 – Operação Ícaro (1981): O ataque ao reator nuclear Osirak, localizado no Iraque, era visto como uma grave ameaça para Israel. Esta operação foi executada de forma discreta, interrompendo os planos nucleares iraquianos.
3 – Eliminação de Mahmoud al-Mabhouh (2010): O Mossad foi acusado de estar por trás do assassinato de Mahmoud al-Mabhouh, um dirigente do Hamas, em Dubai. O ato envolveu o uso de passaportes estrangeiros falsificados e disfarces sofisticados.
Assassinatos cinematográficos: Realidade ou ficção?
Entre os casos mais famosos atribuídos ao Mossad está o assassinato do cientista nuclear iraniano Mohsen Fakhrizadeh, em 2020. Fakhrizadeh foi morto por uma metralhadora controlada remotamente por uma Inteligência Artificial, segundo a BBC. Outro exemplo é o de Mahmoud Hamshari, representante da Organização para a Libertação da Palestina, que morreu em uma explosão causada por uma bomba plantada em seu telefone.
O caso de Mohsen Fakhrizadeh
Segundo relatos, a metralhadora usada para matar Fakhrizadeh estava equipada com um sistema de satélite inteligente, atribuindo mais uma acusação de altíssima precisão ao Mossad. A arma teria mirado apenas no rosto do cientista, deixando sua esposa, que estava ao seu lado, ilesa.
Outras táticas utilizadas pelo Mossad
Além de ataques cinematográficos e tecnológicos, o Mossad é acusado de usar métodos como livros-bomba, carros-bomba e até mesmo venenos disfarçados. Wadie Haddad, um comandante da Frente Popular para a Libertação da Palestina, morreu em 1978 supostamente envenenado, havendo especulações de que tenha sido por chocolates contaminados enviados pelo serviço secreto israelense.
Pagers explosivos: Uma nova arma?
Recentemente, o Hezbollah acusou Israel pelo ataque coordenado com pagers explosivos, que resultou na morte de várias pessoas e deixou milhares de feridos. Esse ataque mostra uma nova evolução nas táticas de assassinatos seletivos e operações secretas atribuídas ao Mossad.
- A explosão dos pagers, que eram usados pelos combatentes do Hezbollah, foi atribuída à infiltração de uma terceira parte que teria manipulado os dispositivos antes de chegarem ao grupo.
- Segundo especialistas, o malware instalado nos pagers pode ter sido responsável pelo superaquecimento das baterias, levando às explosões.
- O Hezbollah prometeu retaliação, responsabilizando Israel pelo ataque e afirmando que “certamente receberá seu justo castigo por esta agressão pecaminosa”.
Reações internacionais e investigação
O governo libanês e diversas organizações internacionais condenaram o ataque. O Conselho de Segurança da ONU foi acionado para investigar o incidente, destacando as tensões crescentes na região.
Conclusões e implicações futuras
As ações atribuídas ao Mossad levantam questões sobre ética e legalidade de tais operações, mas também demonstram a tecnologia, sofisticação e a determinação do serviço secreto israelense em proteger seus interesses nacionais a qualquer custo. A longa lista de operações secretas, incluindo a recente explosão dos pagers, continuará alimentando o debate sobre os limites da inteligência e espionagem no cenário internacional.