Nesta superquarta o Federal Reserve, o banco central americano, reduziu os juros para faixa de 4,75% a 5% ao ano, seguindo a expectativa do mercado.
A decisão, embora alinhada com as expectativas de boa parte do mercado, dividiu os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc). Quase todos optaram por uma redução de 50 pontos-base, enquanto Michelle Bowman foi a única a votar por um corte mais modesto, de 25 pontos-base.
De acordo com o comunicado oficial do Fed, os dados econômicos recentes indicam que a atividade nos Estados Unidos continuou a se expandir a um ritmo sólido, reforçando a decisão de cortar os juros. No entanto, a autoridade monetária também destacou que os ganhos de emprego desaceleraram nos últimos meses, enquanto a taxa de desemprego apresentou leve alta. Ainda assim, o desemprego permanece em níveis historicamente baixos.
Outro ponto crucial para a decisão do Fomc foi a avaliação da inflação. A autoridade monetária observou que a inflação fez progressos significativos em direção à meta de 2%, o que aumentou a confiança dos membros do Fed de que o movimento de queda dos preços está em curso de forma sustentável.
Além disso, o Federal Reserve anunciou um corte na taxa de compulsórios de 5,4% para 4,9%, seguindo sua estratégia de ajuste gradual da política monetária.
Opinião dos nossos especialistas:
Fábio Murad, sócio da Ipê Avaliações
Ele destacou que o corte de 50 pontos-base pelo Federal Reserve pode gerar impactos de grande escala na economia global. Ele acredita que a medida pode estimular o crescimento econômico e aumentar a liquidez nos mercados internacionais, possivelmente resultando em uma desvalorização do dólar e beneficiando economias emergentes.
Murad alerta, no entanto, para o risco de inflação futura e a necessidade de monitorar a estabilidade financeira a longo prazo. No curto prazo, os mercados devem reagir com volatilidade, com potenciais fluxos de capital migrando para mercados emergentes em busca de maiores retornos.
Volnei Eyng, CEO da Multiplike
Ele comentou que o cenário atual reflete uma mudança significativa no panorama global da inflação, especialmente após o impacto da pandemia de coronavírus. Segundo ele, a redução da taxa de juros nos EUA, seja de 0,50 ou 0,25 pontos percentuais, marca o fim de um período inflacionário, com o mundo agora enfrentando um momento de ampla oferta e baixa demanda.
Ele cita como exemplo o preço do petróleo, que tem se mantido em torno de US$ 70 o barril, apesar de tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Rússia. Esse comportamento reflete uma tendência global de desinflação, à medida que os bancos centrais, como o Europeu, também seguem a linha de cortes nas taxas de juros.
Fabio Fares – Especialista em análise macro
Fares reforça que o Federal Reserve tomou uma decisão acertada ao cortar 50 pontos-base, sinalizando um orçamento de mais 50 bps para 2024, distribuídos em 25 bps por reunião, até alcançar o ponto neutro. Segundo Fares, o gráfico de pontos indica que a faixa neutra se encontra entre 2,75% e 3,25%, refletindo o consenso dos membros do FED. O foco principal da política monetária é manter condições saudáveis para o mercado de trabalho, evitando um desaquecimento excessivo da economia.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital
Fernandes ressaltou a importância da fala de Jerome Powell sobre o mercado de trabalho dos EUA. Segundo Fernandes, Powell indicou que o país está no limite de um possível aumento na taxa de desemprego, o que justificaria o corte de 0,50%. Além disso, Powell destacou que o nível neutro da taxa de juros nos EUA hoje é significativamente maior do que no passado, afastando a possibilidade de taxas negativas no futuro. Fernandes acredita que novos cortes de 0,50% podem ocorrer nas próximas reuniões, embora Powell tenha deixado claro que essas decisões dependerão dos dados econômicos.
William Castro Alves – Estrategista-chefe da Avenue
O estrategista-chefe da Avenue, tem uma visão alinhada com a abordagem cautelosa do Fed. Para ele, o banco central dos EUA está em um momento crucial de equilíbrio entre crescimento econômico e controle inflacionário. Alves acredita que, embora haja espaço para cortes adicionais nas taxas de juros, a decisão de Powell de manter o foco em dados econômicos concretos antes de realizar novas reduções demonstra uma postura prudente e necessária. Ele ressalta que qualquer mudança futura na política monetária dependerá fortemente de como a economia americana responderá aos ajustes já feitos.
Entrevista Jerome Powell
Neste momento o presidente do FED, Jerome Powell fala sobre a decisão de cortar juros em entrevista coletiva. Acompanhe aqui.
(A reportagem está em atualização)