Os títulos do Tesouro Direto são uma opção acessível e segura para quem deseja investir aproveitando a solidez de instrumentos financeiros garantidos pelo Governo Federal. Por serem considerados títulos soberanos, eles possuem o menor risco de crédito do mercado brasileiro. Mas, diante de tantas opções disponíveis, como escolher o título certo para o seu perfil de investidor e para os diferentes horizontes de seus objetivos financeiros? Mais ainda: é possível montar uma carteira completa e diversificada apenas com títulos públicos?
Para responder a essas perguntas, é importante conhecer as características de cada tipo de título oferecido pelo Tesouro Direto. Por exemplo, o Tesouro Selic é uma excelente escolha para quem busca segurança e liquidez no curto prazo. Sua rentabilidade acompanha a taxa básica de juros (Selic), o que o torna ideal para a formação de uma reserva de emergência. Em caso de necessidade de resgate antecipado, o Tesouro Selic apresenta um risco de perda muito baixo, pois seu valor de mercado flutua pouco diante de mudanças na taxa de juros.
Já o Tesouro Prefixado é mais indicado para investidores que acreditam na queda das taxas de juros e desejam garantir uma rentabilidade fixa. Esse título é adequado para objetivos de médio prazo como a compra de um carro, a realização de uma viagem ou até mesmo a compra da casa própria, pois oferece uma taxa de retorno conhecida no momento da compra, desde que seja mantido até o vencimento. Para aqueles que buscam uma renda periódica e têm um horizonte de investimento mais longo, o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais é uma boa escolha, pois, além de garantir uma taxa fixa, paga juros a cada seis meses proporcionando fluxo de caixa ao investidor.
Se o objetivo é a proteção contra a inflação, o Tesouro IPCA+ se destaca como uma excelente opção. Com rentabilidade composta pela variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais uma taxa fixa, este título é perfeito para metas de longo prazo como a aposentadoria ou o planejamento da educação dos filhos. O Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais, por sua vez, oferece os mesmos benefícios de proteção contra a inflação, mas com o diferencial de pagamentos de juros semestrais, sendo ideal para quem deseja combinar a proteção do poder de compra com uma fonte de renda periódica.
Ainda para os objetivos específicos de aposentadoria e educação dos filhos, os títulos RendA+ e Educa+ são opções inovadoras. O RendA+ permite acumular recursos ao longo do tempo e transformá-los em uma renda mensal por 20 anos no momento do vencimento, sendo uma alternativa de baixo custo para complementar as previdências pública e privada. Já o Educa+ foi desenvolvido para o planejamento educacional de crianças e jovens, garantindo que o investimento acompanhe a inflação e assegure recursos suficientes para custos futuros com educação. Este título permite o resgate em parcelas definidas no momento da compra, tornando-o uma opção atrativa para famílias que desejam planejar gastos com educação de forma eficiente.
A escolha do título ideal depende, portanto, dos seus objetivos financeiros. Investir em mais de um tipo de título pode ser uma estratégia inteligente para diversificar sua carteira. Ao combinar diferentes prazos e tipos de rentabilidade — prefixada, pós-fixada e atrelada à inflação — você consegue reduzir riscos e aumentar as chances de retorno. Em momentos de alta volatilidade ou mudanças nas taxas de juros, alguns títulos tendem a performar melhor que outros proporcionando uma proteção adicional contra perdas expressivas. Por exemplo, enquanto os títulos atrelados ao IPCA garantem proteção contra a inflação, os títulos prefixados podem se beneficiar de cenários de queda nas taxas de juros.
Apesar de serem considerados investimentos seguros, é importante lembrar que os títulos do Tesouro Direto não estão isentos de riscos. O principal deles é o risco de marcação a mercado, que ocorre quando o investidor opta por vender o título antes do vencimento. Se as taxas de juros aumentarem, o valor de mercado dos títulos prefixados e indexados ao IPCA pode cair, resultando em perda de capital. Para evitar surpresas, é recomendável manter estes títulos até o vencimento, garantindo assim o retorno previsto no momento da compra.
Assim sendo, o Tesouro Direto pode, sim, ser a base de uma carteira de investimentos completa e diversificada. Investir diretamente no Tesouro Direto proporciona maior controle sobre a escolha dos títulos e seus vencimentos, além de custos mais baixos, já que não há cobrança de taxas de administração. Por outro lado, investir por meio de outros veículos de investimentos como fundos de investimento, pode oferecer vantagens como diversificação automática e gestão profissional, mas pode resultar em custos mais elevados devido às taxas de administração cobradas pelos fundos.
Quando combinado com outras classes de ativos, como ações e fundos imobiliários, a estratégia de investir diretamente em títulos públicos pode proporcionar segurança, liquidez e crescimento de capital, complementando outras formas de investimento e atendendo a diferentes objetivos financeiros. O segredo para o sucesso financeiro é a diversificação inteligente e o alinhamento das escolhas de investimento com seus objetivos pessoais e sua tolerância ao risco. Ao entender as características e os propósitos de cada título, é possível criar uma estratégia que ofereça proteção e crescimento patrimonial ao longo do tempo.
Artigo escrito por Carlos Castro, planejador financeiro pessoal, CEO e sócio fundador da plataforma de saúde financeira SuperRico. E-mail: [email protected]