O Ibovespa fechou no azul nesta sexta-feira (13), com o aumento das apostas de um corte de meio ponto na reunião da próxima semana, questão que favorceu a busca por ativos de risco hoje. Além disso, a curva de juros nacional tocou sua mínima, e com isso a bolsa brasileira surfou o maior otimismo endereçado pelo exterior.
Segundo análise de Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, O Ibovespa subiu hoje impulsionado tanto por fatores externos quanto internos. Externamente, a principal força motriz é a renovação das expectativas de que o Federal Reserve (Fed) possa adotar um corte mais agressivo na taxa de juros dos EUA na próxima semana, após uma reportagem do Wall Street Journal e declarações do ex-presidente do Fed de Nova York, Bill Dudley, sugerirem a possibilidade de um afrouxamento monetário mais intenso.
Esses eventos reforçaram as apostas de um corte de 0,50 ponto percentual, em vez dos 0,25 p.p. inicialmente previstos, aumentando o apetite por risco global e enfraquecendo o dólar, além de reduzir os rendimentos dos Treasuries americanos.
Esse cenário gerou uma alta nos mercados internacionais e também impactou positivamente o mercado brasileiro. O dólar recuou frente ao real, e o Ibovespa registrou alta de mais de 1%, refletindo o otimismo global com a possibilidade de juros menores nos EUA, o que tradicionalmente favorece ativos de maior risco, como ações em mercados emergentes.
As ações da Vale, mesmo com a queda do minério de ferro na China, contribuíram para o avanço do índice.
No Brasil, o cenário doméstico também influencia o movimento. O mercado atento à chamada “Super Quarta”, quando o Banco Central do Brasil e o Fed anunciarão suas decisões de política monetária.
Internamente, a expectativa de que o Copom eleve a taxa Selic em 0,25 ponto percentual também está precificada no mercado.
Essa expectativa foi reforçada pelo resultado do IBC-Br, que caiu 0,41% em julho, um recuo menor do que a mediana esperada pelos analistas, de 0,50%. Embora o declínio tenha sido menor, ele não foi suficiente para dissipar preocupações com a atividade aquecida e seus impactos sobre a inflação.
Portanto, o Ibovespa reage tanto a fatores externos, como a expectativa de cortes mais agressivos nos juros americanos, quanto a fatores internos, como a preparação do mercado para a decisão do Copom e os dados do IBC-Br. Ambos os cenários favorecem o movimento de alta, com o índice se aproximando dos 135 mil pontos, refletindo um otimismo cauteloso dos investidores.
Entre as altas, temos AZUL. Depois de ter iniciado a manhã em alta, Azul acelerou os ganhos e agora lidera os ganhos do Ibovespa com folga, sustentando alta de 15%.
A alta foi dada pela notícia de que a Azul está perto de novo acordo de dívida com locadores, o que é visto como positivo para a companhia e por diminuir os temores dos investidores pelo futuro da companhia. Além disso, enxergo que a alta da ação já vinha acontecendo também por uma recuperação das perdas de mais de 20% que ela acumulava no mês anterior.
A notícia é positiva, já que os credores vão converter o endividamento em ações. Com isso, você tira a obrigação da companhia com os credores e eles passam a deter 20% das ações destacando que caso esse movimento se concretize, a companhia atenua seu risco financeiro e desafoga o caixa.
Setor de educação sobe após MEC autorizar novas vagas de medicina. As ações do setor de educação sobem em bloco nesta sexta-feira, depois de o ministério da Educação ter aprovado a abertura de 180 vagas de medicina para três instituições de ensino. Embora outras sete instituições tenham tido seus pedidos negados, a alta é generalizada. Cogna, que está entre as maiores valorizações do Ibovespa, avança assim como Yduqs, em alta.
Entre as maiores quedas do Ibovespa hoje temos Assai e Carrefour. Carrefour com recuo de mais de 2%, após rebaixamento do Bank Of America (Bofa) de compra para neutro. O preço-alvo também foi reduzido, para R$ 11. Sobre a empresa, o banco destaca que os custos de financiamento mais altos impactam desproporcionalmente a companhia, apontando que as cargas de dívida pesadas limitam o investimento em preço.
Na mesma linha, o BofA ainda reduziu a recomendação de Assaí para neutro e ajustou o preço-alvo para R$ 10,25, ação caindo também de 2%. O setor frigorífico também foi penalizado pela forte depreciação do dólar, que chegou a bater mínimas pela manhã.
Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:
Ibovespa: 134.881,95 (+0,64%)
S&P 500: 5.626,02 (+0,54%)
Nasdaq: 17.683,98 (+0,65%)
Dow Jones: 41.393,85 (+0,72%)
Dólar: R$ 5,91 (-0,91%)
Euro: R$ 6,16 (-0,85%)