A ciência avança a passos largos na busca pela cura do câncer, agora utilizando a mesma tecnologia dos imunizantes contra a Covid-19. Recentemente, estudiosos começaram a testar vacinas específicas contra o câncer de pele, também conhecido como melanoma, utilizando a tecnologia de RNA mensageiro. Este avanço é um marco significativo, pois oferece esperança a milhares de pessoas ao redor do mundo que lutam contra essa doença.
Um dos principais estudos está sendo conduzido pela University College London, na Inglaterra, e encontra-se atualmente na fase 3, a última etapa antes de ser disponibilizada no mercado. Os ensaios clínicos estão sendo realizados em diversos países, incluindo o Brasil. Esta etapa é essencial para garantir a segurança e a eficácia da vacina para um público mais amplo.
Como funciona a vacina contra o câncer?
Simplificando, o mRNA é uma molécula que contém as instruções para a produção de proteínas específicas. Nas vacinas, o mRNA “ensina” nossas células a produzir proteínas características do tumor, fazendo com que o sistema imunológico as reconheça como invasoras e as ataque.
Quem está participando dos testes clínicos?
Um exemplo notável é o de Steve, um professor e músico londrino, que foi diagnosticado com melanoma, o tipo de câncer de pele mais letal. Desde o diagnóstico, Steve decidiu voluntariar-se para o estudo e já recebeu cinco doses da vacina. Os estudos preveem que a conclusão da pesquisa ocorra até 2030, mas os resultados preliminares já são animadores.
Como a vacina é personalizada?
Segundo Heather Shaw, a coordenadora do estudo no Reino Unido, a vacina é adaptada para cada paciente. Funciona da seguinte forma: os cientistas comparam uma parte do tumor com amostras de sangue do paciente, identificando o DNA defeituoso. Após essa comparação, um software indica os neoantígenos mais visíveis para o sistema imunológico. Cada um desses alvos possui um código genético, que é então inserido na vacina para identificar com precisão o alvo a ser combatido.
Quais são os benefícios da vacina em relação à quimioterapia?
Além de sua eficácia no combate ao câncer, a vacina também promete efeitos colaterais significativamente menores em comparação à quimioterapia, tornando o tratamento muito mais tolerável para os pacientes.
- Rapidez: A tecnologia de mRNA permite um desenvolvimento mais rápido de novas vacinas.
- Especificidade: As vacinas de mRNA podem ser personalizadas para cada tipo de tumor, aumentando a eficácia do tratamento.
- Menos efeitos colaterais: Em geral, as vacinas de mRNA apresentam menos efeitos colaterais em comparação com outras terapias.
No entanto, é importante ressaltar alguns pontos:
- Ensaios clínicos: Embora os resultados iniciais sejam promissores, ainda são necessários mais estudos em larga escala para confirmar a segurança e a eficácia dessas vacinas.
- Combinação com outros tratamentos: A vacina contra o melanoma pode ser utilizada em conjunto com outras terapias, como quimioterapia e imunoterapia, para potencializar os resultados.
- Acesso: A disponibilidade e o custo dessas novas terapias são desafios que precisam ser superados para que todos os pacientes tenham acesso.
Esta tecnologia pode ser aplicada a outros tipos de câncer?
Sim, a mesma tecnologia também está sendo testada em outros tipos de câncer, como o de intestino. Um estudo em andamento em Birmingham já recrutou mais de 2 mil pacientes. A oncologista Victoria Kunene, que lidera essa pesquisa, afirmou: “É um estudo global, tem vários países participando, já recrutamos até agora mais de 2 mil pacientes. Houve um salto tecnológico, e essa possibilidade de uma vacina personalizada é brilhante”.
Com esses avanços, a esperança é que, nos próximos anos, possamos ver uma mudança significativa na forma como o câncer é tratado, proporcionando aos pacientes tratamentos mais eficazes e menos agressivos.
Para mais informações:
- Sociedade Brasileira de Oncologia: https://sboc.org.br
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