Em entrevista ao programa Pre-Market da BM&C News, Ale Delara, sócio da Pine Agronegócio, destacou que a volatilidade no preço do cobre está fortemente relacionada ao cenário econômico da China e ao acúmulo de estoques. Segundo Delara, o mercado de cobre passou recentemente por um movimento especulativo impulsionado por um “short squeeze” nos contratos futuros.
“Não havia uma quantidade de cobre necessária para entregar via contratos futuros. Isso acaba causando um movimento especulativo muito forte, puxando as cotações da commodity”, afirmou Delara.
No entanto, os recentes números negativos da economia chinesa impactaram o mercado, resultando em uma queda no preço do cobre. “Os estoques estão acima da média dos últimos 10 anos, e a menor demanda por cobre levou a uma realização dos preços”, acrescentou.
Delara também apontou que a desaceleração econômica da China, com revisões nas projeções de crescimento do PIB para cerca de 4%, tem pressionado os preços de commodities metálicas como cobre e minério de ferro. Ele destacou que setores-chave da economia chinesa, como o imobiliário e de infraestrutura, enfrentam dificuldades, contribuindo para a revisão das expectativas econômicas.
Além disso, o especialista mencionou que as recentes medidas protecionistas adotadas por países como Estados Unidos, Canadá e Europa estão influenciando o comércio chinês. “Esse crescimento talvez não seja estrutural, mas uma antecipação antes da entrada em vigor das medidas protecionistas”, explicou Delara, referindo-se à alta nas exportações chinesas em resposta a novos impostos sobre produtos como veículos elétricos e aço.
O especialista também contextualizou o impacto dessas medidas no mercado brasileiro, onde o estoque de veículos elétricos importados da China tem crescido antes da aplicação de novas tarifas.