O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está executando uma revisão detalhada no Benefício de Prestação Continuada (BPC). Aproximadamente 1,2 milhão de beneficiários precisarão atualizar seus cadastros e resolver possíveis pendências até o final do ano. Essa ação tem gerado ansiedade entre os assistidos, que temem perder o benefício que representa uma fonte crucial de renda.
A revisão visa identificar e corrigir irregularidades, além de otimizar o uso de recursos públicos. De acordo com estimativas do governo, essa medida deve resultar em uma economia de R$ 6,4 bilhões em 2025 apenas com o BPC. Se somados a outros benefícios, como o auxílio-doença, o corte pode atingir R$ 10,5 bilhões no total.
Entendendo o Benefício de Prestação Continuada(BPC)

O BPC é um benefício assistencial estabelecido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Ele oferece um salário mínimo mensal a idosos a partir de 65 anos ou a pessoas com deficiência, sem que seja necessário ter contribuído previamente para a Previdência Social. A concessão do benefício depende do cumprimento dos critérios de renda estabelecidos pela lei.
Quem será afetado pela revisão do INSS?
Segundo Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, a revisão foca em cadastros que estão desatualizados há mais de 48 meses e em beneficiários que nunca cadastraram suas informações no sistema. Stefanutto ressalta que muitos desses dados são relíquias do período pandêmico, e que alguns segurados podem ter ultrapassado o limite de renda permitido para o BPC.
Julia Lenzi, professora de direito previdenciário da Universidade de São Paulo (FDUSP), aponta que a revisão impacta apenas aqueles que não atendem mais aos requisitos do benefício. Ainda assim, beneficiários podem recorrer de decisões administrativas e têm garantido o direito de defesa, inclusive judicialmente.
Como é feita a revisão do BPC?
A revisão do BPC é um processo contínuo previsto na legislação do Brasil. O INSS realiza a atualização de cadastros e verifica a situação de renda dos beneficiários para garantir que eles ainda cumpram os critérios necessários. O processo inclui:
- Verificação dos dados no Cadastro Único (CadÚnico), que identifica famílias de baixa renda no país;
- Avaliação médica e social de beneficiários com deficiência;
- Revisão de documentos, como comprovantes de renda.
Qual a diferença entre BPC e aposentadoria?
Apesar de tanto o BPC quanto a aposentadoria serem benefícios de transferência de renda, há diferenças críticas entre eles. A mais notável é que o BPC é um benefício assistencial e não exige contribuições previdenciárias, ao contrário da aposentadoria, que é um benefício previdenciário dependente de um histórico contributivo.
Outras diferenças relevantes incluem:
- O BPC não oferece 13º salário e não gera pensão por morte;
- A aposentadoria está disponível apenas para quem contribuiu para a Previdência e cumpre requisitos específicos de tempo de contribuição ou idade;
- O valor da aposentadoria varia conforme o histórico de contribuições, enquanto o BPC paga um valor fixo equivalente ao salário mínimo.
Como solicitar o Benefício de Prestação Continuada?
Os interessados em solicitar o BPC devem seguir estes passos:
- Registrar-se no Cadastro Único (CadÚnico) por meio dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS), disponíveis nas prefeituras;
- Solicitar o benefício pelo site ou aplicativo “Meu INSS“;
- Contactar o INSS pelo telefone 135, com ligação gratuita a partir de telefones fixos;
- Visitar uma Agência da Previdência Social (APS) para acompanhar o processo.
Para requerer o BPC, é necessário apresentar um documento de identificação com foto. Em etapas posteriores, podem ser requisitados documentos adicionais. Esta revisão do BPC pelo INSS demonstra o comprometimento do governo em garantir que os benefícios sociais sejam distribuídos de maneira justa, evitando fraudes e inconsistências.