Nesta terça-feira (10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou ao mercado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi de –0,02%.
Assim, o indicador ficou 0,40 ponto percentual abaixo da taxa de julho , quando o dado bateu 0,38%.
Em 2024, o IPCA acumula alta de 2,85% e, nos últimos 12 meses, de 4,24%, abaixo dos 4,50% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. No mesmo período do ano passado, a variação havia sido de 0,23%.
O relatório mostrou que dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, dois tiveram queda e influenciaram o resultado de agosto: Habitação (-0,51%) e Alimentação e bebidas (-0,44%), que contribuíram com -0,08 pontos percentuais e -0,09 pp respectivamente.
Opinião dos nossos especialistas:
Sergio Vale – economista-chefe da MB associados
Segundo Vale, o número foi excelente, porém, o relatório conta com duas baixas que não vão se sustentar. “alimentos e habitação. A partir de setembro alimento podem voltar pro terreno positivo por pressão em carnes, que deve se manter até o final do ano. E em energia tem a bandeira vermelha em setembro. Isso deve fazer o ipca se aproximar de 0,7% em setembro”.
O economista finaliza dizendo que esse número de agosto coloca alguma nuvem na decisão da Selic. “Pode abrir espaço para 0,25, apesar de acreditar ainda que 0,5 seria o mais adequado nesse momento. Ipca ainda tende a fechar no final do ano em 4,5%”.
Étore Sanchez – economista-chefe da Ativa Investimentos
O economista comentou que o IPCA de agosto apresentou uma deflação de -0,02%, contrariando a mediana do mercado, que projetava uma leve alta de +0,01%, e ficando levemente acima da projeção da Ativa de -0,06%. Ele destacou que o índice headline recuou de 4,5% para 4,2%, enquanto a média dos núcleos caiu de 3,82% para 3,78%, refletindo uma estrutura inflacionária mais moderada do que o esperado. Mesmo com o resultado abaixo do previsto, o comportamento dos núcleos e dos serviços subjacentes trouxe surpresas positivas, o que contribui para uma percepção de alívio em relação à trajetória da inflação.
Apesar do desvio em algumas categorias, como alimentação no domicílio, Sanchez afirmou que sua projeção de inflação para o ano continua em 4,3%. Em relação à política monetária, ele ressaltou que o resultado benigno do IPCA, junto a outros fatores externos, reforça a possibilidade de manutenção da taxa Selic.
André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital
O sócio da A7 Capital avalia que os dados recentes pressionam o mercado a continuar pedindo por um aumento nos juros, embora ainda haja uma parcela que defenda a manutenção da taxa. Com o IPCA abaixo do esperado e apresentando deflação, somado ao cenário externo com o FED e o Banco Central Europeu cortando juros, ele acredita que o Banco Central brasileiro terá que ponderar cuidadosamente entre atender à pressão por uma elevação ou manter a Selic no atual território restritivo.
Segundo Fernandes, o impacto imediato de um dado inflacionário melhor foi a alta do dólar, com o mercado precificando a possibilidade de um aumento modesto de +0,25% na Selic, ou até mesmo sua manutenção. Ele observa que os juros futuros continuam caindo, especialmente nas pontas intermediária e longa da curva, refletindo uma expectativa mais otimista em relação à condução da política monetária no curto e médio prazo.
Maykon Douglas, economista da Highpar
O economista comentou que o IPCA de agosto apresentou uma composição benigna, similar ao IPCA-15 divulgado anteriormente, com um comportamento mais moderado nas métricas subjacentes. Esse resultado sinaliza que, no curto prazo, a inflação está sob controle, proporcionando certo alívio ao mercado.
No entanto, ele alerta que as pressões altistas devem voltar a predominar nos próximos meses, impulsionadas por fatores como a desvalorização cambial, o aumento nas tarifas de energia elétrica e a forte demanda interna. Esses elementos, segundo Douglas, indicam que o Copom deveria optar por um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na reunião de setembro, para conter essas pressões inflacionárias.