O Brasil se encontra em um cenário alarmante de intensa seca e altas temperaturas, com várias cidades registrando níveis de umidade relativa do ar semelhantes aos do deserto do Saara. Na última quarta-feira (4), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) anunciou que 244 cidades brasileiras apresentaram umidade igual ou inferior à do Saara, e a situação tende a piorar.
No deserto do Saara, a umidade do ar varia de 14% a 20%, mas no Brasil, mais de 200 cidades notaram índices similares e, surpreendentemente, inferiores. Por exemplo, a cidade de Barretos (SP) registrou a menor umidade relativa do ar de 7%, acompanhada por locais como Gama (DF), Goiânia, Ituiutaba (MG) e Marília (SP). Essas cifras colocam essas cidades em um nível de aridez bem próximo ao deserto do Atacama, no Chile, conhecido como o lugar mais seco do mundo.

Níveis Críticos de Umidade no Brasil: O Que Está Acontecendo?
Para entender melhor a relação entre o clima desértico dos últimos dias e o prolongado período sem chuva em várias cidades do país, o Giz Brasil conversou com a pesquisadora Ana Paula Cunha, do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais). Segundo a pesquisadora, a situação é agravada por um El Niño extremamente forte, aliado a uma seca prolongada e a um superaquecimento no Atlântico Norte.
A falta de chuvas também potencializa o risco de queimadas, especialmente porque muitas dessas são causadas pela ação humana. A baixa umidade do solo e vegetação muito seca contribuem para uma maior disseminação das queimadas.
Qual a Gravidade da Seca no Pantanal?
Com o acúmulo da falta de chuva e o aumento das temperaturas, a região do Pantanal enfrenta um risco severo de desaparecer. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, recentemente afirmou que o Pantanal poderia deixar de existir até o fim do século, uma declaração que foi corroborada por Ana Paula Cunha. A pesquisadora aponta que a região está perdendo água por evaporação e evapotranspiração, modificando a estrutura vegetativa local.
O Que Pode Ser Feito para Reverter a Seca?
Infelizmente, as previsões não são otimistas. O Cemaden, em seu boletim de Monitoramento de Secas no Brasil, utilizou o Índice de Precipitação Padronizado de Evapotranspiração (SPEI) para medir e monitorar a seca. Os dados mostram que a tendência é de continuidade do período seco, especialmente nas regiões de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.
- Soluções de curto prazo: Medidas de emergência como a distribuição de água e campanhas de controle de queimadas podem amenizar os efeitos imediatos da seca.
- Soluções de longo prazo: Investimentos em infraestrutura hídrica e políticas públicas voltadas para a preservação ambiental são essenciais para enfrentar futuras crises.
A tendência da seca em áreas tradicionalmente úmidas, como o sudeste e centro-oeste brasileiro, sugere uma preocupante mudança climática em curso. Portanto, é crucial que medidas sejam tomadas para mitigar os efeitos dessas alterações, visando a preservação dos biomas e o bem-estar das comunidades afetadas.
Como a Seca Está Transformando os Biomas Brasileiros?
A seca tem causado mudanças significativas nos biomas brasileiros, especialmente no cerrado e na Mata Atlântica. Segundo Ana Paula Cunha, as cidades com menor umidade e mais tempo sem chuva não estão apenas no semiárido nordestino, mas chegando também ao interior do país e mesmo no Pantanal. Esse fenômeno demonstra que o clima no Brasil está passando por transformações drásticas.
- Aumento da aridez em regiões tradicionalmente úmidas.
- Modificação na vegetação local, que precisa se adaptar às novas condições climáticas.
- Impacto direto na biodiversidade e nos recursos hídricos.
Os dados revelam uma tendência preocupante e impõem um desafio complexo para o futuro do país. As mudanças no padrão de precipitação e elevação das temperaturas não são apenas um alerta, mas um chamado urgente para ações concretas e efetivas.