A expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos pode trazer de volta investidores estrangeiros ao Brasil, segundo VanDyck Silveira, economista. Silveira apontou que o movimento de redução nos juros americanos amplia o diferencial de taxas entre os dois países, tornando o Brasil mais atrativo para capital estrangeiro.
“Já vimos uma saída significativa de cerca de 40 bilhões de dólares do Brasil, pois os investidores procuraram ativos mais seguros, fugindo do risco país”, afirmou Silveira. No entanto, ele destacou que, nas últimas semanas, mais de 10 bilhões de dólares retornaram ao Brasil, à medida que os cortes nos EUA tornam o cenário doméstico mais interessante, especialmente para carteiras mistas com renda fixa e variável.
Ainda assim, o economista alerta para os desafios econômicos e fiscais do Brasil. Ele explica que o crescimento do PIB brasileiro no último trimestre, que surpreendeu o mercado, foi impulsionado principalmente por estímulos fiscais, o que, segundo ele, pode ser insustentável a longo prazo. “Estamos chegando a um ponto onde o retorno marginal desse impulso fiscal se torna negativo”, ponderou.
Silveira também expressou preocupação com o impacto do déficit fiscal no país, que já ultrapassa 10% no déficit nominal, e questionou as recentes emissões de títulos públicos atrelados à inflação e à Selic. “Isso pode tornar a dívida pública explosiva, especialmente em cenários de alta de inflação ou aumento dos juros”, completou.
No campo político, o economista destacou o risco de instabilidade, especialmente com as próximas eleições de 2026 e a possibilidade de novos estímulos fiscais que poderiam agravar ainda mais a situação econômica. “O Centrão, que tem grande influência no Congresso, pode decidir o destino do presidente Lula, assim como fez com Dilma”, comentou Silveira, alertando que qualquer tentativa de manobra fiscal pode aumentar a pressão sobre o governo.
Com a recente nomeação de Galípolo para a presidência do Banco Central, Silveira demonstrou ceticismo. Ele apontou que o novo presidente tem uma visão alinhada à Teoria Monetária Moderna (MMT), o que gera incertezas sobre o futuro da política monetária do país. “A única vez que essa teoria foi aplicada em um país de primeiro mundo, no Reino Unido, resultou no colapso do governo”, disse ele, sugerindo que o Brasil pode enfrentar desafios semelhantes se seguir o mesmo caminho.