A volatilidade nos mercados globais está em um de seus momentos mais críticos, trazendo desafios tanto para investidores quanto para as políticas econômicas.
Sérgio Machado, gestor do fundo Cash, e Eduardo Boechat, analista da ActivTrades, analisaram a situação durante sua participação do Pre-Market de hoje (04), apontando uma “guerra de narrativas” entre o mercado financeiro e o Banco Central.
Machado destacou que, atualmente, há um nível inédito de incerteza no mercado. “Nunca houve uma situação onde as dúvidas fossem tão profundas como agora, e isso não é exclusividade do Brasil. Estamos vivendo um cenário global de extrema volatilidade,” afirmou. Segundo o gestor, essa incerteza é ampliada pela constante oscilação nos preços de commodities como o petróleo e o minério de ferro.
Os especialistas também chamaram atenção para a dificuldade do mercado em operar baseado em fundamentos econômicos. “Os fundamentos estão sendo destruídos a cada 10 minutos, o que torna impossível uma estratégia consistente,” apontou Machado, referindo-se às frequentes revisões nas expectativas de inflação e PIB, que alteram drasticamente as projeções econômicas.
Outro ponto de destaque foi o embate entre o mercado e o Banco Central. Com o mercado antecipando uma possível alta de juros, Machado argumentou que a inflação, o principal fator que justificaria esse movimento, não apresenta sinais de aceleração no curto prazo. “Ao contrário, a previsão é até de deflação nos próximos meses,” afirmou o gestor, questionando a lógica de um aumento dos juros neste momento.
Boechat complementou a análise com críticas à política fiscal do governo, que ele considera desequilibrada e inflada. “As projeções do governo para o próximo ano estão superfaturadas, e a solução parece ser sempre o aumento de impostos, o que prejudica ainda mais a economia,” destacou o analista. Segundo o analista, a única saída que o governo tem encontrado para fechar as contas é por meio de novas tributações, o que pressiona negativamente a atividade econômica.
A combinação de volatilidade, política fiscal incerta e tensões no mercado de câmbio tem deixado os investidores em alerta. O cenário ainda é agravado por fatores externos, como a possível redução das taxas de juros nos Estados Unidos e a proximidade de eleições tanto no Brasil quanto nos EUA, aumentando a expectativa de mais turbulências nos mercados nos próximos meses.
Com a instabilidade à frente, os especialistas alertam para um período de ainda mais volatilidade, com previsões de fortes movimentos no câmbio e nos índices de mercado.