A criação de postos de trabalho nos Estados Unidos apresentou uma retração inesperada em julho de 2024, segundo o relatório Jolts, divulgado pelo Departamento do Trabalho nesta quarta-feira (4). O número de vagas abertas no mês caiu de 7,91 milhões em junho para 7,67 milhões, ficando bem abaixo da expectativa de 8,1 milhões projetada por analistas. Esse cenário levanta sinais de alerta sobre o ritmo de contratação no mercado de trabalho americano.
Segundo análise de Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a percepção, é de que a queda nas ofertas de emprego está refletindo a hesitação das empresas em contratar novos funcionários, possivelmente em resposta ao ambiente econômico mais incerto e aos custos de empréstimos mais altos devido ao longo prazo de altas taxas de juros mantida pelo Fed.
“Se o Fed perceber que a desaceleração no mercado de trabalho está se consolidando, combinado com outros sinais de enfraquecimento econômico, um corte mais intenso de 0,5 poderia ser justificado para evitar uma recessão mais profunda”, explica o analista. “No entanto, a decisão dependerá da interpretação do Fed sobre esses dados e da sua avaliação dos riscos de inflação versus crescimento, nessa semana, em que todos olhares estarão para a sexta feira, em que será divulgado o PAYROLL para validar, ou não, a necessidade de um corte mais agressivo por parte do FED”, finaliza.
Além disso, André Colares, CEO da Smart House Investments avalia que os resultados indicam que o Federal Reserve pode ter mais espaço para implementar cortes de juros mais agressivos, como um corte de 0,5%, já que as pressões inflacionárias estão diminuindo e o mercado de trabalho está mostrando sinais de enfraquecimento. “A queda nas vagas de emprego e a desaceleração econômica podem levar a uma redução maior nas taxas de juros, o que beneficiaria mercados emergentes, como o Brasil, ao incentivar maior fluxo de capitais estrangeiros”, explica Colares.
Setores com maior impacto na redução de vagas no relatório Jolts
Os setores de assistência médica e assistência social lideraram a queda, com menos 187 mil vagas, seguidos pelo setor de transporte, armazenagem e serviços públicos, que registrou uma redução de 88 mil postos. Além disso, o governo estadual e local, exceto educação, também sofreu com a retração de 101 mil oportunidades.
Por outro lado, setores como os serviços profissionais e empresariais apresentaram crescimento, gerando 178 mil novas vagas. O governo federal também teve uma leve alta, com a abertura de 28 mil postos. Esse aumento, embora positivo, não foi suficiente para compensar as quedas em outras áreas da economia.
Em suma, este cenário de desaceleração do mercado de trabalho, combinado com a redução nas expectativas de inflação, fortalece a perspectiva de que o Fed possa iniciar um ciclo de corte nas taxas de juros em um futuro próximo.
No entanto, é importante notar que, apesar da queda nas vagas, a taxa de demissões permanece próxima a mínimas históricas, refletindo a relutância das empresas em dispensar funcionários devido à escassez crônica de mão de obra qualificada. Embora um corte de juros em setembro pareça improvável, estes dados aumentam a probabilidade de que o Fed possa começar a flexibilizar sua política monetária nos próximos meses, especialmente se os próximos relatórios de emprego confirmarem esta tendência de moderação no mercado de trabalho.