A economia dos Estados Unidos apresenta sinais claros de desaceleração, com o mercado de trabalho e outros indicadores antecipados apontando para um cenário de recessão.
Durante sua participação no programa BM&C News de hoje (04), Bruno Musa, economista e sócio da Acqua Vero, destacou que a economia americana já pode estar vivendo uma leve recessão, impulsionada por fatores que vão além dos impactos da pandemia.
Musa explicou que indicadores frequentemente subestimados, como a taxa de hipotecas de 30 anos e a desaceleração no mercado de trabalho, sugerem que a economia dos EUA está em uma trajetória descendente. “Esses sinais já vêm de algum tempo e, somados à dívida global, que ultrapassa 300% do PIB, vemos que os excessos dos últimos anos estão cobrando seu preço”, afirmou o economista.
Ele também mencionou que o Federal Reserve (fed), que há pouco tempo estava preocupado com uma economia forte que dificultaria a redução das taxas de juros, agora enfrenta o receio de uma recessão mais profunda, o chamado hard landing. “Há apenas um mês, o mercado temia que uma economia resiliente impediria o Fed de cortar juros, mas hoje a preocupação mudou drasticamente”, destacou Musa.
A recente volatilidade nos mercados reflete essa mudança de percepção. As ações de grandes empresas de tecnologia, como a Nvidia, sofreram perdas significativas, com a empresa perdendo US$ 279 bilhões em valor de mercado em um único dia. Musa ressaltou que essa correção era esperada após um longo período de valorização das Big Techs, impulsionado pela injeção de dinheiro no mercado durante a pandemia.
Em relação ao índice S&P 500, o economista comentou que uma correção de 10%, após uma alta de 30% no último ano, seria uma resposta saudável do mercado. “Essa valorização foi impulsionada pelas principais empresas de tecnologia, mas agora podemos observar um ajuste, que é natural e esperado”, concluiu.
Com o cenário de desaceleração econômica, o foco se volta para as próximas ações do Federal Reserve. A expectativa, segundo Musa, é que o Fed possa iniciar cortes nas taxas de juros em breve, mesmo que a inflação ainda não tenha atingido a meta de 2%. O impacto dessas decisões será crucial para definir o futuro da economia americana e dos mercados globais.