O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 1,4% no segundo trimestre de 2024, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado coloca o país como a segunda economia de maior crescimento global no período, superando o consenso de 0,9% e o crescimento de 0,8% observado no primeiro trimestre deste ano. O PIB totalizou R$ 2,9 trilhões, impulsionado principalmente pelos setores de serviços e indústria, enquanto a agropecuária apresentou uma retração de 2,3%
Segundo Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o desempenho do PIB no segundo trimestre surpreendeu o mercado. “Mais de 80 instituições acreditavam que o PIB poderia crescer no máximo 1,2%, mas ele avançou 1,4%, superando inclusive nossas projeções, que indicavam um crescimento mais modesto de 0,7%,” destacou Agostini. Ele atribui esse resultado positivo ao crescimento expressivo em todos os setores da economia, com destaque para a indústria, serviços e construção civil.
Agostini explicou que esse crescimento foi impulsionado, em parte, pela queda nas taxas de juros e pelo aumento significativo nos investimentos e no consumo das famílias. “O consumo das famílias e da administração pública cresceram muito fortemente, o que mostra que os gastos públicos estão avançando de maneira significativa,” afirmou.
No entanto, o economista também sinalizou que a economia brasileira pode enfrentar desafios nos próximos meses. A Austin Rating revisou sua projeção de crescimento do PIB para 2024, ajustando de 1,9% para 2,8%, mas também revisou para baixo as expectativas de crescimento para 2025, de 2,2% para 1,9%. “Essa revisão é justificada pela probabilidade de uma alta na taxa de juros,” explicou Agostini, acrescentando que a forte atividade econômica atual pode levar o Banco Central a aumentar a taxa SELIC para 11,75% até o final de 2024.

O IBGE também divulgou que, em comparação ao segundo trimestre de 2023, o PIB brasileiro cresceu 3,3%, com a indústria e os serviços em alta, mas com a agropecuária recuando 2,9%. A taxa de investimento foi de 16,8% do PIB, enquanto a taxa de poupança caiu para 16%.
Esses números reforçam a resiliência da economia brasileira em um cenário global desafiador, mas também alertam para a necessidade de medidas cautelosas por parte das autoridades econômicas, especialmente no que diz respeito à política fiscal e monetária. “O governo ainda não apresentou um plano crível e consistente de redução de despesas,” ressaltou Agostini, destacando a importância de um equilíbrio para garantir a sustentabilidade do crescimento a longo prazo.