Nesta terça-feira (03), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou ao mercado que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% neste segundo trimestre do ano.
O indicador cresceu 0,6% comparado aos 0,8% do primeiro trimestre de 2024 e também veio bem acima do consenso do mercado, que estava prevendo o dado em 0,9%.
Em relação ao 2º trimestre do ano passado, o PIB avançou 3,3%. No relatório, vemos que a Indústria (3,9%) e os Serviços (3,5%) cresceram no período, enquanto a Agropecuária (-2,9%) recuou.
Além disso, o PIB totalizou R$ 2,9 trilhões no segundo trimestre de 2024, sendo R$ 2,5 trilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 387,6 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. No mesmo período, a taxa de investimento foi de 16,8% do PIB, acima dos 16,4% registrados no segundo trimestre de 2023.
Opinião dos especialistas:
Maykon Douglas, economista da Highpar, falou com o portal da BM&C News e analisou o resultado do PIB brasileiro e a importância específica do dado deste trimestre.
Segundo Douglas, o crescimento é atribuído, em grande parte, ao fortalecimento do emprego formal e à expansão real da massa salarial, que têm impulsionado o consumo das famílias desde o início do ano.
Além disso, o crédito facilitado, especialmente a partir do final de 2023, também desempenhou um papel crucial, mantendo o impulso positivo na economia. “A força do emprego formal e a expansão real da massa salarial seguem como vetores positivos para o consumo familiar, bem como o impulso positivo do crédito desde o fim do ano passado”, destacou Douglas.
O investimento das empresas também se manteve robusto, refletindo o efeito tardio das quedas anteriores na taxa Selic. Esse cenário foi particularmente evidente no setor industrial, onde o segmento de bens de capital registrou um crescimento de 5,0% no acumulado do primeiro semestre de 2024.
Para o futuro, a atenção se volta para o impacto do aperto nas condições financeiras, especialmente em relação aos juros longos, e para as possíveis consequências de novas altas na taxa Selic. Apesar disso, a economia brasileira apresenta uma resiliência notável, exigindo vigilância do Banco Central, especialmente com relação à inflação, que pode se mostrar mais sensível à demanda no segundo semestre.
Leonardo Costa, economista do ASA, tabém deu sua opinião sobre o PIB brasileiro.
Segundo Costa, “o PIB do 2T costuma ter destaque nas divulgações trimestrais, ditando o ritmo do crescimento do ano; a surpresa bastante positiva do 2T24 indica crescimento mais forte que o esperado, o que eleva nossa projeção do PIB de 2024 p/3,0% (de 2,5%). O PIB de 2025 é projetado em 1,5%, com viés de alta.”
Segundo Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, a demanda doméstica foi um dos principais motores desse crescimento, apresentando alta de 1,4% em relação ao primeiro trimestre. No entanto, Pinheiro aponta que o crescimento não foi acompanhado por uma expansão significativa na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), cuja taxa de investimento permaneceu estagnada em 16,6% do PIB. “Isso indica que o crescimento robusto não está se traduzindo em uma expansão do PIB potencial”, observou.
Gustavo Cruz, estrategista, destacou que o resultado surpreendente do PIB reforça a projeção de crescimento de 2,5% para o ano, alinhando-se com as expectativas de parte do mercado. Ele também ressaltou que o desempenho industrial tem sido positivo, seguindo uma tendência global, enquanto o agronegócio mostrou sinais de fraqueza no segundo trimestre.
No entanto, Cruz expressou preocupação com o nível de investimentos no país, que, apesar de um leve aumento de 16,4% para 16,8% no trimestre, continua abaixo da média dos mercados emergentes e da América Latina. “Esse é o ponto fraco do crescimento brasileiro, que precisa de um progresso mais sustentável e uma melhor distribuição de renda”, afirmou.