Em apenas quatro dias, a delegação brasileira conquistou um total de 27 medalhas na Paralimpíada de Paris 2024, incluindo oito de ouro. Comparando com os Jogos Olímpicos, o desempenho brasileiro se destaca, visto que a equipe olímpica ganhou somente quatro medalhas e nenhuma de ouro no mesmo período. Este desempenho não é uma surpresa, considerando que, nas últimas quatro edições dos Jogos, o Brasil sempre figurou entre os dez primeiros no quadro de medalhas.
O sucesso da equipe paralímpica é reflexo de muito talento, trabalho árduo e investimentos significativos. Dos 280 atletas convocados para competir em Paris 2024, 97,8% recebem apoio do Programa Bolsa Atleta. Isso representa 274 atletas, dos quais 63% são da categoria pódio, a mais alta do programa. Os demais atletas se dividem entre as categorias olímpicos/paralímpicos/surdolímpicos, internacional e nacional.
Investimentos no Comitê Paralímpico Brasileiro
Além dos atletas, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) também recebe investimentos significativos. A principal fonte de renda do CPB é a Lei Piva, que destina 2% da arrecadação bruta das loterias federais ao esporte, com 85% para o Comitê Olímpico do Brasil e 15% para o CPB. Em 2016, o CPB investiu R$ 264,272 milhões para construir um grande centro de treinamento em São Paulo, com recursos do Governo Federal e do Governo do Estado de São Paulo.
Benefícios do Programa Bolsa Atleta
O Programa Bolsa Atleta desempenha um papel crucial na preparação e manutenção dos atletas. Os valores dos benefícios variam de acordo com a categoria do atleta. Os atletas da categoria pódio recebem entre R$ 5.543 e R$ 16.629, enquanto os internacionais ganham R$ 2.051. Já a categoria olímpicos/paralímpicos/surdolímpicos paga R$ 3.437 e a nacional, R$ 1.025.
Para muitos atletas, esse apoio financeiro é vital para focar exclusivamente no esporte. Daniel Mendes, nadador que conquistou o bronze nos 50m livre da classe S6, explica que o benefício do Bolsa Atleta e o apoio de patrocinadores lhe permitem se dedicar integralmente ao treinamento e alto rendimento.
Como os Atletas Administram Seus Gastos?
Ainda que os benefícios do Bolsa Atleta sejam significativos, alguns atletas enfrentam altos custos com equipamentos específicos. O velocista Alan Fonteles é um exemplo disso. Campeão paralímpico em Londres-2012, ele estima gastar cerca de R$ 70 mil apenas para competir em Paris 2024. Esses gastos incluem próteses, lâminas de corrida e encaixes, além de outras despesas.
Empresas parceiras e patrocinadores, como a Alps, ajudam a reduzir esses custos. Alan explica que seu desempenho é crucial para atrair o suporte necessário. No entanto, ele ressalta a importância de investimentos mais contínuos da iniciativa privada.
Por que o Investimento no Esporte é Importante?
No Brasil, o investimento no esporte, tanto olímpico quanto paralímpico, ainda enfrenta desafios. Enquanto em outros lugares empresas investem em ciclos mais longos, no Brasil o apoio tende a ser pontual, focando apenas nos períodos próximos aos Jogos. Isso limita o desenvolvimento dos atletas e a obtenção de resultados consistentes.
Além disso, programas como a Lei de Incentivo ao Esporte permitem que recursos sejam aplicados em projetos esportivos em troca de renúncia fiscal. A EY Brasil, por exemplo, investiu R$ 80 mil no remador Jairo Klug através do Programa Atletas EY.
Conclusão
A performance brasileira na Paralimpíada de Paris 2024 até agora demonstra a importância do esporte paralímpico para o país. Com investimentos contínuos e apoio de programas como o Bolsa Atleta, os atletas brasileiros têm condições de brilhar internacionalmente. No entanto, para manter e melhorar esse desempenho, é necessário um envolvimento maior da iniciativa privada e mais investimentos a longo prazo.