Nesta sexta-feira (30), o investidores voltam suas atenções para o mercado à vista de câmbio, após o Banco Central ter anunciado na véspera que realizará um leilão de até 1,5 bilhão de dólares das 9h30 às 9h35. Em comunicado, o BC informou que o leilão será referenciado na taxa Ptax e o resultado será divulgado por meio de comunicado.
Segundo análise de Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos, a ação do BC pode ter sido motivada por um entendimento da autarquia de que a alta de BRL era desfuncional. A ação deve deixar alguns players que entraram no fim do rally machucados e deve fechar o juro consigo.
“Com relação a política monetária, mais uma vez o BC deixa claro que não há associação mecânica entre os ativos, ao passo que se tiver que subir o juro fará com o câmbio jogando dentro do esquadro. Em outras palavras, me parece que a autoridade monetária não vai aceitar que operem o câmbio para chancelar eventual alta de juros”, diz Sanchez. “Resta saber como o mercado irá reagir. Tenho dúvidas se com a indústria tão machucada desse jeito, alguém vai querer defender uma posição frágil”, finaliza.
Intervenções do BC no câmbio

Esta é a segunda intervenção da autarquia no câmbio, com oferta de recursos “novos”, desde que Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência.
De acordo com avaliação de Roberto Dumas, professor do Insper, essa intervenção do BC no câmbio faz sentido. “O risco não piorou. Se ele não piorou, foi uma subida de pura especulação. Então faz sentido sim essa intervenção. O problema é que a intervenção do câmbio, que nem nós escrevemos, ela é esterilizada. Você vende dólar e tira reais. Se você tira reais a taxa de juros”, diz o especialista.
“A taxa de juros não pode subir porque eu tenho Selic então o governo automaticamente ele compra título público ele esteriliza essa intervenção hora que compra título público ele volta os reais para praça para que a taxa de juros não mude foi o que ele fez ontem foi só para dar um way out e acalmar o mercado mas de novo quando o risco piora isso não funciona quando não há mudança no risco fiscal ou no risco país isso funciona assim dar uma aliviada no mercado posto não estou falando que o risco é zero estou falando que o risco não mudou de uma eleição do Galípolo da sugestão do Galípolo para cá então faz sentido uma intervenção sim”, completa.
Ainda no cenário nacional, agentes financeiros acompanharão dois eventos com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, com expectativa de que ele possa abordar as razões para o leilão a ser realizado pelo BC, além de novos indícios sobre o futuro da taxa Selic. Os investidores devem ficar também atentos a entrevista que Lula dará às 8h a uma emissora de rádio da Paraíba, durante visita a João Pessoa para inauguração de obras. Também estará no radar a divulgação de dados de desemprego de julho pelo IBGE, às 9h, enquanto parte do foco ainda se concentra no governo, que deve encaminhar o projeto orçamentário do próximo ano ao Congresso mais tarde.
Cenário internacional
Mercados globais aguardam pela divulgação da inflação PCE, considerado o indicador de inflação preferido do Federal Reserve. O consenso LSEG prevê alta mensal de 0,05% para os gastos mensais e 0,02% para o rendimento pessoal. O indicador servirá para investidores calibrarem as apostas de corte da taxa de juros, depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, abriu a porta para a flexibilização monetária em seu discurso em Jackson Hole.