Na quinta-feira, as taxas dos DIs registraram uma forte alta, impulsionadas pela expectativa da elevação da taxa básica Selic em setembro. Esse movimento ocorreu após um discurso contundente contra a inflação, proferido pelo diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, e pelo aumento dos rendimentos dos Treasuries no mercado internacional.
No fechamento do dia, a taxa do DI para janeiro de 2025, que reflete a política monetária no curto prazo, estava em 10,749%. Esse valor representou um aumento de 9 pontos-base em comparação aos 10,749% do ajuste anterior. Da mesma forma, a taxa do DI para janeiro de 2026 subiu para 11,595%, enquanto a taxa para janeiro de 2027 cresceu para 11,605%.
Alta da Selic: O Que Esperar para Setembro
As taxas futuras consolidaram a alta desde o início da sessão, refletindo a reação firme dos títulos norte-americanos no exterior, após a divulgação de novos dados econômicos dos EUA. O Departamento de Trabalho dos Estados Unidos informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego subiu para 232.000 na semana encerrada em 17 de agosto, ante 228.000 pedidos revisados para cima na semana anterior.
Por Que os DIs Estão em Alta?
O aumento nos pedidos de auxílio-desemprego reforçou a ideia de um esfriamento no mercado de trabalho norte-americano. Com isso, os operadores elevaram suas apostas na possibilidade de um corte de 25 pontos-base dos juros pelo Federal Reserve na reunião de setembro, ao invés dos 50 pontos-base anteriormente previstos. Essa perspectiva, somada ao discurso de Gabriel Galípolo, impulsionou as taxas dos DIs.
Quais as Implicações das Falas de Gabriel Galípolo?
Durante a tarde, o discurso de Gabriel Galípolo em um evento da Fenabrave, em São Paulo, teve um tom severo. Galípolo afirmou que suas recentes declarações não colocaram o Banco Central em uma “esquina” em relação ao que será feito com a Selic em setembro. Contudo, ele reiterou que a autarquia subirá a taxa básica se necessário.
Expectativas do Mercado Financeiro
Nas últimas semanas, aumentou entre as instituições financeiras a avaliação de que, em decorrência das falas de Galípolo, o Banco Central deve elevar a Selic em pelo menos 25 pontos-base em setembro. Essa elevação seria uma resposta às taxas futuras, que precificam uma Selic mais alta no curto prazo para evitar maior estresse na curva a termo.
- A fala de Galípolo provocou um aumento nas taxas dos DIs.
- O Banco Central deve subir a Selic em 25 pontos-base em setembro.
- Os mercados estão acompanhando de perto os próximos movimentos do BC.
Perspectivas para a Inflação
O diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, também expressou preocupações na manhã desta quinta-feira. Em um evento organizado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Guillen disse que o Banco Central continua vendo um cenário de muita incerteza tanto externa quanto domesticamente, além de projeções elevadas para a inflação e mais riscos progressivos.
- Cenário desafiador para a inflação.
- Elevada incerteza externa e doméstica.
- Riscos crescentes nas projeções econômicas.
No exterior, no fim da tarde, os rendimentos dos Treasuries continuavam a subir. Às 16h44, o rendimento do Treasury de dez anos – referência global para decisões de investimento – estava em alta de 8 pontos-base, chegando a 3,86%. Esse cenário global também influenciou as taxas dos DIs no Brasil.
O Que Vem a Seguir para a Economia Brasileira?
Com a expectativa de elevação da Selic, o mercado financeiro brasileiro se encontra em um período crucial. A decisão do Banco Central em setembro será determinante para o futuro da política monetária do país. Operadores e investidores seguem atentos aos desdobramentos, aguardando sinais mais claros sobre os próximos passos da autarquia.